23/04/2009 12h00

 

Reforçar as estruturas de combate à pedofilia e promover campanhas de prevenção são as primeiras estratégias traçadas pelos vereadores

 

     O combate à pedofilia foi tema de reunião da Câmara Municipal de Sorocaba, na tarde de quinta-feira, 23, com a participação de representantes da sociedade civil. O vereador Marinho Marte (PPS), presidente da Frente Parlamentar de Combate à Pedofilia, presidiu a reunião, que contou com a participação dos vereadores Anselmo Neto (PP), Benedito Oleriano (PMN), Carlos Cezar (PTB), Geraldo Reis (PV), Izídio Correia (PT), Neusa Maldonado (PSDB) e Rozendo de Oliveira (PV). O vereador Irineu Toledo (PRB) também integra a comissão. "Sorocaba não é diferente dos outros municípios do país e também aqui o problema da pedofilia é preocupante”, afirmou Marinho Marte na abertura da reunião. O dia 18 de maio é Dia de Combate à Exploração Sexual e a idéia dos vereadores é aproveitar essa data para realizar uma grande campanha de combate à pedofilia.

 

     A necessidade de um trabalho preventivo no combate à pedofilia, com a participação de toda a sociedade, sobretudo de instituições públicas ou privadas que lidam diretamente com crianças e adolescentes, foi consenso entre todos os participantes. “É terrível o drama psicológico de uma criança que é vítima de abuso sexual. Apesar de vítima, ela é quem se sente culpada”, afirmou a o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Edith Maria di Giorgi, presente à reunião. Edith di Giorgi defendeu a capacitação de profissionais das áreas de saúde e educação para lidar com o problema, que, segundo ela, afeta todas as classes sociais, ainda que seja mais visível nas classes populares, em que os casos de pedofilia são mais difíceis de esconder.

 

     A delegada Jaqueline Barcellos Coutinho, titular da Delegacia da Mulher, apresentou dados sobre os crimes de pedofilia em Sorocaba, mostrando que, de 2004 a 2009, foram registrados 364 casos de estupros consumados, dos quais 178 tiveram como vítimas menores de 18 anos. Além disso, quase 80 por cento dos casos de abuso sexual de crianças são praticados por pessoas da convivência da criança, como pais ou padrastos. “Em muitos casos, a mãe é omissa ou conivente com o autor do estupro e até acusa a filha de tê-lo provocado”, sustenta a delegada da Mulher. Segundo ela, é preciso estar atento aos sinais da criança que é vítima de abuso sexual: “O abuso sexual deixa marcas físicas ou psicológicas e é preciso saber reconhecer esses sinais”.

 

     Para o vereador Anselmo Neto é importante que a família não acoberte o fato: “É preciso denunciar esses casos para que o poder público possa atuar”. O vereador Carlos Cezar observou que a pedofilia tem crescido cada vez mais e “é necessário somar forças de todas as entidades que trabalham com crianças para combater esse crime”. O vereador Rozendo de Oliveira defendeu que os conselhos tutelares sejam reforçados. Já o vereador Izidio Correia afirmou que a primeira batalha a ser vencida é a do diagnóstico correto do problema, através da coleta de dados precisos. “A campanha nacional de combate à pedofilia é importante, mas cada município tem que assumir o seu papel”, enfatizou o vereador, conclamando o envolvimento de todos os credos religiosos, sindicatos, fábricas e órgãos públicos.

 

     O vereador Geraldo Reis afirmou que percebe um crescimento nos casos de pedofilia, “talvez em função de uma conscientização maior das pessoas acerca do problema, o que faz com que denunciem mais”. A vereadora Neusa Maldonado lembrou que “a violência contra crianças e adolescentes também atinge mais o sexo feminino” e fez um alerta: “A família tem terceirizado a educação dos filhos. A escola instrui, mas a família é quem educa”. Já o vereador Benedito Oleriano defendeu mais rigor da legislação vigente, que, segundo ele tem sido condescendente com a atitude transgressoras dos jovens, permitindo que se comportem de modo inadequado e freqüentem promíscuos. “As ruas estão muito perigosas. Está na hora de se usar de rigidez”, enfatizou o vereador.

 

     O representante da Polícia Militar na reunião, o oficial Luis Fernando Steffani, também criticou a “terceirização da educação” por parte das famílias e observou que a atuação da PM nos casos de pedofilia é dificultada pelo fato de que esses crimes ocorrem no espaço doméstico, espaço onde não é possível os policiais atuarem. Já o presidente do Conselho Tutelar de Sorocaba, Luis Guilherme Antunes Caniello, afirmou que é preciso criar estruturas para lidar com as crianças vítimas de abuso sexual, “já que o atendimento delas demanda profissionais especializados”. Também participaram da reunião os conselheiros tutelares Ernane Benedito Guimarães e Manuel Castilho. Outra reunião da Frente Parlamentar de Combate à Pedofilia foi já foi marcada pelo vereador Marinho Marte para o dia 7 de maio, as 14h30.