O secretário de Transportes e presidente da Urbes, Renato Gianolla, foi questionado pelos vereadores nesta quinta-feira.
O secretário de Transportes e presidente da Urbes, Renato Gianolla, compareceu à Câmara Municipal, na tarde desta quinta-feira, 1º, após a sessão ordinária da Câmara Municipal de Sorocaba, com o objetivo de tratar do trabalho dos agentes de trânsito na cidade, mais conhecidos como “amarelinhos”. Após o início dos trabalhos, sob o comando do presidente da Casa, vereador Marinho Marte (PPS), Gianolla apresentou estatísticas sobre o trânsito no país, fazendo um comparativo entre Sorocaba e outras cidades do mesmo porte, e defendeu um trabalho integrado entre fiscalização, educação e engenharia para melhorar a questão do trânsito e reduzir acidentes e mortes.
O presidente da Urbes observou que, a cada 20 minutos, o Brasil mata uma pessoa no trânsito e afirmou que praticamente não existe acidente sem infração associada. Também sustentou que não existem metas para a aplicação de multas por parte dos amarelinhos. Dos 70 agentes de trânsito contratados inicialmente, apenas 56 estão atuando. Segundo Gianolla, 15% dos condutores são responsáveis por 95% das autuações. O presidente da Urbes salientou, ainda, que os agentes de trânsito, em função da nova legislação, não podem deixar de autuar uma infração de transito. Após a explanação inicial, Renato Gianolla respondeu a perguntas dos vereadores.
Trabalho educativo – O vereador Marinho Marte (PPS), presidente da Casa, reiterou que têm sido constantes as reclamações dos munícipes quanto à atuação dos amarelinhos. Segundo diversas reclamações que chegaram aos vereadores, os agentes de transito ficam escondidos, em pontos estratégicos, com o objetivo de surpreender e multar os motoristas. Para Marinho Marte, que leu reclamações de munícipes que lhe foram enviadas por correio eletrônico, uma Cidade Educadora, como Sorocaba, tem que ter um trânsito também educativo, em que os amarelinhos não se limitem a multar os motoristas. O presidente da Casa antecipou que pretende apresentar um ou dois projetos de lei com o objetivo de dar um caráter educativo a esse trabalho de fiscalização do trânsito.
A vereadora Neusa Maldonado (PSDB) observou que Sorocaba foi apontada como referência na área de trânsito. E disse que, se realmente o trabalho que está sendo feito pela Urbes reduzir os acidentes e as vítimas com mortes, esse trabalho terá todo o seu apoio. Já o vereador Luis Santos (PMN) pediu a melhoria da sinalização em alguns pontos críticos da cidade. E Izídio de Brito (PT) defendeu a presença de mulheres entre os amarelinhos, o que, segundo ele, pode melhorar a abordagem.
O vereador Francisco França (PT), que presidiu parte da sessão, afirmou não ter visto os amarelinhos orientarem o trânsito. “Eles estão só multando”, disse. O vereador criticou o modo de abordagem dos agentes e citou denúncias de munícipes a respeito da questão, sobretudo as multas contra proprietários que estão com seus carros estacionados em frente à própria garagem. Gianolla afirmou ter cancelado algumas dessas multas, admitiu que pode haver erros pontuais dos agentes.
Capacitação dos agentes – O vereador Irineu Toledo (PRB) criticou a atuação dos amarelinhos, que, no seu entender, estão multando excessivamente. O líder do governo, vereador José Francisco Martinez (PSDB), também foi enfático ao cobrar uma conduta mais educativa por parte dos agentes de trânsito. O vereador enfatizou que praticamente não se vê os amarelinhos utilizando o apito para orientar o trânsito; no seu entender, eles estão mais preocupados em multar. Martinez cobrou um trabalho de maior capacitação dos agentes. Essa mesma preocupação foi externada pelos vereadores Rozendo de Oliveira (PV) e Geraldo Reis (PV), que enfatizaram a importância da qualificação dos agentes de trânsito.
Já o vereador Benedito Oleriano (PMN), elogiou o trabalho de Renato Gianolla e disse que “acontecem barbaridades praticadas por motoristas”. “O amarelinho é um mal necessário”, enfatizou. “Se não tiver amarelinho, a situação piora. O trânsito melhorou com eles. O que tem de mau motorista, alcoolizado, matando pessoas, é uma loucura”, reiterou Oleriano.
“Boicote aos amarelinhos” – Também o vereador Claudemir Justi (PSDB) parabenizou o trabalho do secretário e presidente da Urbes e afirmou que, apesar de erros pontuais, a maioria das autuações de trânsito estão corretas. “Vamos fazer um grande boicote aos amarelinhos – basta não cometermos nenhuma infração de trânsito”, afirmou. Já o vereador Helio Godoy (PTB) enfatizou a necessidade da educação de trânsito, inclusive nas escolas.
O vereador Vitor Francisco da Silva (PTB), o Vitor do Super José, sustentou que há muita imprudência por parte dos motoristas, defendeu o trabalho dos amarelinhos e aproveitou para reivindicar do presidente da Urbes a instalação de redutores de velocidade em vários pontos críticos dos bairros, onde há muito risco de atropelamento. “Isso é fundamental, sobretudo, na frente de escolas”, enfatizou o parlamentar.
O vereador Moko Yabiku (PSDB) defendeu que é preciso ter bom senso em todo e qualquer trabalho de fiscalização, buscando seguir a lei e, ao mesmo tempo, compreender as circunstâncias em que ela está sendo aplicada. Com isso, para Yabiku, será possível evitar que os amarelinhos se tornem “um filme de terror”, como já aconteceu com outros fiscais, segundo disse. Mas o vereador tucano também defendeu o trabalho dos amarelinhos: “A parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Tem que multar, não tem jeito. No Japão, por exemplo, quem atravesse um sinal vermelho é preso”, observou Yabiku.
Já o vereador João Donizeti Silvestre (PSDB) chamou a atenção para os números de acidentes no trânsito: “São 60 mil pessoas que morrem anualmente no trânsito no país. Isso é uma barbárie. Nem onde há conflito armado morre tanta gente assim”. Para João Donizeti, a visão de cidadania do brasileiro está defasada e, mesmo pedindo que os amarelinhos evitem exageros, defendeu mais cidadania e respeito à vida no trânsito.
A audiência com o secretário contou, ainda, com a participação da advogada e secretária Jurídica da Casa, Márcia Pegorelli Antunes, que integra a Jari (Junta Administrativa de Recursos de Infrações) de Sorocaba. Ela explicou o funcionamento do órgão. Segundo ela, a Jari é um órgão independente, sem qualquer subordinação à Urbes e segue as regras do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Também afirmou que a junta baseia seu julgamento em dados, com base em provas.