Foi realizada na tarde desta sexta-feira, 24, no plenário da Câmara Municipal de Sorocaba, audiência pública para discutir as estruturas da área de saúde no município. Iniciativa dos vereadores da bancada do Partido dos Trabalhadores – Izídio de Brito, Carlos Leite e Francisco França – a audiência teve a participação de Milton Sanches, representando o Conselho Municipal de Saúde, e de Manuel Francisco Filho, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, além de munícipes, representantes de entidades e líderes comunitários.
Presidindo a sessão, Izídio de Brito iniciou os trabalhos criticando a ausência de emissários do Executivo para responder eventuais questionamentos dos participantes. O vereador falou dos diversos problemas enfrentados em Sorocaba, ressaltando a situação agravante da epidemia da dengue, e disse que conforme números atualizados nessa semana foram registrados mais de 46 mil infectados nesse ano, com 19 mortes confirmadas. Izídio ainda refutou esses dados: “Muita gente faz o tratamento por si só e acaba não entrando nesses números”, disse, complementando que devido à epidemia todas as unidades de saúde e hospitais da cidade (públicos ou privados) estão superlotados.
Déficit de profissionais – O presidente da audiência exibiu quatro reportagens acerca de problemas da saúde em Sorocaba: a epidemia da dengue, protestos por conta de superlotação na UPH Zona Norte, falha administrativa no agendamento de consultas na Policlínica Municipal e a quebra do tomógrafo da Santa Casa – situação que, segundo Izídio, permanece até agora. “Esses vídeos mostram que a cidade tem necessidade de pessoal na área de saúde”, comentou o parlamentar.
Corroborando a constatação do vereador, Manuel Filho informou que um estudo feito pelo sindicato para entender a problemática da saúde no município constatou déficit de cerca de um terço de funcionários, o que corresponderia à necessidade de contratação de 434 médicos. O diretor ainda argumentou que a problemática vai além da dengue. “A doença apenas descortina o problema da saúde em Sorocaba”, opinou. “Há dois desafios que a prefeitura se nega a enfrentar, contratação e gestão da saúde. Talvez seja intenção de sucatear para caminhar para terceirização. Essa não é a saída, pelo contrário, é o aprofundamento do problema”, denunciou Manuel Filho, que contou que através do sindicato já realizou diversas reuniões com secretários municipais, mas sem resultados práticos. “Vamos ter que partir para a mobilização”, concluiu.
Milton Sanches, membro do Conselho Municipal de Saúde, criticou a reiterada justificativa do Executivo da dificuldade em contratar médicos. “Falta trabalhador em todo setor, o privado está tão ruim quanto o público”, argumentou. Ele contou que também foi contaminado com o vírus da dengue, procurou um hospital particular atendido por seu convênio, foi mal acolhido e teve de recorrer à UPH da Zona Leste. O conselheiro ainda reclamou do gargalo enfrentado no setor de psiquiatria (segundo ele por culpa do Instituto Moriah) e da situação atual da Santa Casa. “O prefeito tem que entender que quando fez a requisição da Santa Casa era preciso fazer alguma coisa, mas aquele modelo agora está superado. Hoje está pela metade, requisitou e não está fazendo nada”, criticou.
“Fundo do poço” – O vereador Carlos Leite citou o exemplo de uma Unidade de Pronto Atendimento que deveria ser inaugurada em 2012, o que até agora não foi cumprido. “Já estão quebrando o que está pronto lá e não põem em funcionamento”. O parlamentar voltou a falar sobre a questão da dengue e queixou-se das atitudes do Executivo – segundo ele, responsável pela epidemia. “Estamos literalmente no fundo do poço”, desabafou. “Com a mobilização da sociedade e de lideranças espero que a gente encontre um novo caminho para a saúde na cidade”, concluiu.
Por fim, Izídio de Brito demonstrou preocupação com os próximos meses. “A situação no segundo semestre já tem sido ruim nos últimos anos, e vai ser pior com a situação da dengue”, argumentou. “Precisamos analisar possibilidades jurídicas, talvez uma ação cautelar para que o prefeito tome uma providência”, sugeriu o vereador.