08/03/2018 09h49

Celebrando o Dia da Mulher e por iniciativa do vereador José Francisco Martinez (PSDB), o Diploma Mulher-Cidadã Salvadora Lopes foi entregue em sessão solene a mulheres que se destacaram na luta pela cidadania

 

       Como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março de cada ano, a Câmara Municipal de Sorocaba realizou sessão solene na noite de quarta-feira, 7, quando fez a entrega do Diploma Mulher-Cidadã Salvadora Lopes para mulheres que se destacam na luta pelos direitos das mulheres e em defesa da cidadania. A iniciativa das homenagens foi do vereador José Francisco Martinez (PSDB), que ressaltou o relevante trabalho desenvolvido pelas mulheres homenageadas em prol de Sorocaba, contribuindo também para a valorização da mulher na sociedade.

 

       Além de Martinez, proponente da homenagem, que presidiu a sessão solene, também integraram a mesa de honra do evento as seguintes autoridades: deputada estadual Maria Lúcia Amary (PSDB); secretaria municipal de Educação, Marta Cassar; secretária de Igualdade e Assistência Social, Cíntia de Almeida; ex-vereadora e pastora Neusa Maldonado; ex-vereadora Tânia Bacelli, presidente do Instituto Pleno; e a vereadora Iara Bernardi (PT), que recepcionou as autoridades na abertura da sessão solene e, a convite de Martinez, também presidiu parte da solenidade. Transmitido ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3, aberto; Canal 6 da NET e Canal 9 da Vivo), o evento contou com apresentações musicais da cantora e pianista Alessandra Moschetto.

 

       Cinco mulheres foram homenageadas com o Diploma Mulher-Cidadã Salvadora Lopes: a empresária Nilsa Orejana, que desenvolve ações filantrópicas com o Grupo de Mães “Raio de Luz”; a procuradora municipal Silvana Chinelatto, atual presidente da Funserv; a professora e gestora pública Maria do Socorro Souza Lima, atual diretora de Previdência da Funserv; a servidora Laíde Trindade, que atuou na Guarda Municipal e atualmente é gestora de Saúde da Funserv; e a servidora pública e analista de sistemas Ana Paula Fávero Sakano, que integra o conselho administrativo da Funserv e também atua em projetos sociais.

 

       “Todas as homenageadas são figuras de destaque em suas respectivas profissões, prestam relevantes serviços ao município e, em consequência, contribuem para a valorização da mulher em nossa sociedade. Por isso, fazem por merecer esse reconhecimento da Câmara Municipal em nome do povo sorocabano”, afirmou o vereador José Francisco Martinez, proponente da homenagem.

 

       Luta das mulheres – Ao saudar as homenageadas, Martinez lembrou que, depois de muita luta, “as mulheres conquistaram seus direitos e estão presentes em todas as áreas da sociedade, como cientistas, médicas, engenheiras, professoras, enfermeiras, operárias e muitas outras profissões”. O vereador lembrou, ainda, que o número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23%, em 1995, para 40%, em 2015. E, nas universidades, as mulheres já representam quase 60% dos cursos de pós-graduação”. Martinez destacou que o vírus da Zika, por exemplo, foi descoberto por uma mulher, a cientista goiana Celina Turchi, eleita pela “Times” uma das 100 maiores personalidades do mundo em 2017.

 

       “Infelizmente, o inegável avanço social das mulheres ainda não foi capaz de erradicar a chaga da violência doméstica e do abuso sexual, que muitas mulheres padecem diariamente”, afirmou Martinez. O vereador rememorou, ainda, o ato heroico da professora mineira Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, que, em 5 de outubro do ano passado, morreu como mártir, ao dar sua própria vida para tentar salvar as crianças da creche onde lecionava em Belo Horizonte, enfrentando o segurança que ateou fogo nas crianças do estabelecimento.

 

       Vozes das mulheres – Várias mulheres fizeram uso da palavra. A procuradora Lilian Rose de Lemos, representando a Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, foi taxativa: “Somos, sim, do lar e do ler e, quando somos do ler, podemos tudo” – afirmou da tribuna. Cíntia de Almeida lembrou o legado de Salvadora Lopes, a quem, juntamente com Tania Bacelli, concedeu o Título de Cidadã Sorocabana à própria Salvadora Lopes, em 2001. Marta Cassar ressaltou a “fé e a sensibilidade” das mulheres e falou do papel da mulher na educação. A ex-vereadora Neusa Maldonado ressaltou a luta das mulheres no lar, na sociedade e, especificamente, no Legislativo. E a deputada Maria Lúcia Amary defendeu um aumento da representatividade das mulheres na política.

 

       Autora da resolução que instituiu o Diploma Mulher-Cidadã Salvadora Lopes, Tânia Bacelli, ela própria filha de tecelã, lembrou que Salvadora Lopes foi também uma tecelã, trabalhando em duras condições, as quais lutou para mudar. Descrevendo parte da rotina de uma tecelã, que se levantava de madrugada, comandava vários teares em meio à fuligem da fábrica e ainda tinha os afazeres domésticos, às vezes tendo de levar os próprios filhos pequenos para o trabalho, a ex-vereadora agradeceu ao vereador Martinez por promover a solenidade e ressaltou que a Medalha Mulher-Cidadã Salvadora preserva a memória da “mulher tecelã”, que, como afirmou, é parte vital da história de Sorocaba, assim como a memória ferroviária.

 

        Salvadora Lopes – O Prêmio Salvadora Lopes foi instituído em homenagem à primeira mulher a ser eleita vereadora em Sorocaba, a operária e sindicalista Salvadora Lopes, e confere, anualmente, o Diploma Mulher-Cidadã a mulheres de diferentes áreas, que se destacaram em defesa dos direitos das mulheres e da cidadania, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento social do município. A vereadora Iara Bernardi, a pedido de Martinez, falou da importância de Salvadora Lopes e de sua trajetória como mulher, cidadã e política, lembrando, ainda, outras mulheres que também fizeram história no município.

 

       Líder operária e pioneira do movimento feminista na região, Salvadora Lopes nasceu em Avaré, em 1918, numa família de espanhóis, e veio para Sorocaba com apenas dois anos de idade. Antes de completar dez anos, deixou a escola e foi trabalhar na indústria têxtil. Em 1930, com apenas 12 anos, participou de sua primeira greve e, aos 21 anos, já era uma líder operária respeitada, chegando a ser presa. “Na época, greve era caso de polícia”, comentou Iara Bernardi.

 

       Em 1947, Salvadora Lopes foi eleita vereadora em Sorocaba, mas não tomou posse. Seu partido, o PST, que abrigava os membros do Partido Comunista, posto na ilegalidade, foi indeferido no município pela Justiça Eleitoral e seus 14 vereadores eleitos, praticamente a metade da Câmara Municipal da época, composta de 31 membros, foram cassados. Salvadora Lopes morreu em 19 de dezembro de 2006, aos 88 anos. Sua vida está retratada no livro Salvadora!, do historiador Carlos Cavalheiro, que a entrevistou para escrever a obra, e em documentário produzido por Werinton Kermes, atual secretário municipal de Cultura.