09/03/2018 12h27

Evolução e desafios no processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais foram abordados durante o debate, promovido pelo vereador Hélio Brasileiro (MDB)

 

 

A Câmara Municipal de Sorocaba realizou na manhã desta sexta-feira, 9, audiência pública de iniciativa do vereador Dr. Hélio Brasileiro (MDB) para analisar o processo inclusivo nas escolas de Sorocaba, os avanços na área e também os desafios para garantir mais oportunidades às pessoas com necessidades educacionais especiais.

 

Além do vereador proponente, que presidiu a audiência, a mesa de trabalhos foi composta ainda pelos vereadores Rafael Militão (MDB), Iara Bernardi (PT) e Luis Santos (Pros); pela secretária de Educação, Prof.ª Marta Cassar; pela gestora de desenvolvimento educacional, Isabel Cardoso, e pela Diretora de Escola Aquarela e Colégio São Roque, Aletéa Prestes. Profissionais da Educação, representantes de conselhos municipais, secretarias e de entidades sociais, estudantes universitários e ainda pais de crianças com necessidade especiais participaram do debate.

 

Abrindo o evento, Hélio Brasileiro lembrou sua experiência como médico e professor na faculdade de fisioterapia e ressaltou que todos os setores da sociedade e serviços públicos devem ser acessíveis à comunidade como um todo, inclusive às pessoas com necessidades especiais.

 

Já a secretária de educação ressaltou que a construção da inclusão envolve vários atores e falou sobre as dificuldades de professores, de aceitação dos pais, e sobre a evolução na formação dos profissionais com a criação do Centro de Referência de Educação (CRE) no Governo Vitor Lippi. De acordo com a secretária, em seguida foram criadas as salas de recursos especiais. Marta explicou que após o laudo médico das crianças, estas recebem atendimento especializado. “Não temos ainda perfeição. A palavra evolução é a ideal”, concluiu a secretária que convidou ainda os vereadores para participarem do “CRE Aberto”, evento que será realizado no mês de abril para apresentação da dinâmica de atendimento no centro.

 

Palestras e depoimentos – Pesquisadora no assunto e formadora de professores, a gestora de desenvolvimento educacional, Isabel Cardoso, apresentou um breve histórico do processo de inclusão na cidade de Sorocaba. “A nossa preocupação é pensar na escola democrática que só aconteceu de fato quando a legislação impôs”, iniciou. Como marcos legais citou a realização, em 1994, em Salamanca, Espanha, a Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais. Em Sorocaba, de 1993 até 2001, segundo Isabel, houve um grande movimento pela inclusão na educação, em salas regulares, com a transformação das redes Municipal, Estadual e Particulares a partir da Resolução CNE/CNB Nº2 de 11 de setembro de 2001 que instituiu as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica. Já em 2014 uma nova resolução dispõe sobre a educação especial na Rede Estadual.

 

A gestora falou ainda sobre a criação da figura do “cuidador”, profissional para ajudar na inclusão dentro da sala de aula. Sobre a Rede Municipal de Sorocaba que possui 53 mil alunos, sendo 906 crianças com Necessidades Educativas Especiais (como síndrome de down e autismo) e quatro em Atendimento Pedagógico Domiciliar.  Com relação aos profissionais, são sete psicólogos, três assistentes sociais, quatro fonoaudiólogos, quatro terapeutas ocupacionais e um fisioterapeuta, além de 166 cuidadores e 354 estagiários. A profissionais concluiu afirmando que, apesar das dificuldades, houve um grande avanço na educação inclusiva em Sorocaba. “Um pai há 20 anos não sabia para qual classe especial ia mandar seu filho. No entanto qualquer pai sabe que vai matricular seu filho na escola da esquina, que é o direito de todos”, concluiu  

 

Em seguida, foi apresentado pela gestora educacional Leila Chinelatto, com auxílio de uma intérprete de Libras, o inspetor de alunos Marcio, que é surdo, e o caso de adaptação da escola para inclusão do servidor. Dando continuidade às apresentações, a diretora Aleteia Prestes falou sobre sua experiência em educação inclusiva na rede particular da cidade de São Roque. A diretora também é mãe adotiva de um adolescente com paralisia cerebral. “A inclusão acontece em todo o contexto escolar”, afirmou.

 

O vereador Luis Santos, que possui deficiência física, falou sobre sua experiência na escola regular sem inclusão, no Estado do Maranhão, que o levou a concluir o segundo grau apenas após adulto, aos 48 anos, já em Sorocaba. Em seguida, o vereador entrou na faculdade de pedagogia. Santos afirmou ser favorável ao ensino inclusivo, em salas regulares, mas falou sobre as dificuldades enfrentadas na prática, reforçando que é preciso “uma retaguarda mínima para a inclusão”, conforme frisou. O vereador concluiu se posicionando contrariamente à corrente que defende a inserção da ideologia de gênero como parte do ensino inclusivo.

 

Após as manifestações foi aberta a palavra aos demais participantes da audiência, incluindo pais, que falaram sobre a experiência e dificuldades de seus filhos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, também funcionários de escolas, que citaram os desafios diários para a inclusão efetiva, e ainda entidades sociais que apresentaram as dificuldades de manutenção dos serviços e falta do apoio do Poder Público. A professora da rede e mãe de aluno com autismo, Erica Bastida, elencou uma série de problemas nas escolas como a falta de educação continuada de professores, a falta de cuidadores sem comunicação das escolas pela empresa terceirizada, kits escolares adaptados, além do fato de haver classe hospitalar em um único hospital da cidade e da recusa de alunos com deficiência em escolas particulares.  

 

Segunda a secretária de educação há formação continuada dos professores, toda sexta-feira no Centro de Referência da Educação. Disse ainda que a empresa terceirizada precisa comunicar a escola em caso de algum cuidador precisar faltar. Afirmou ainda que as sugestões serão acatadas.  

 

Já a vereadora Iara Bernardi questionou qual a atenção é dada pelo Município a crianças especiais na creche e pré-escola. “O número de especialistas não comporta as necessidades que os pais apresentam aqui e que a rede tem”, afirmou. A secretária concordou que a equipe não é adequada, mas que a ampliação do quadro de especialista é uma preocupação do Governo.