Audiência pública discute o racismo como uma forma de violência

Tendo como tema “Todo Racismo É uma Forma de Violência”, a Câmara Municipal de Sorocaba realizou audiência pública na noite de quinta-feira, 25, no plenário da Casa, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que contou com palestras e a presença de representantes de várias entidades da comunidade negra em Sorocaba. Além da vereadora, a mesa dos trabalhos contou com psicóloga Rosália Maria Rodrigues de Campos e das psicólogas da Roda Terapêutica das Pretas, Beatriz Rosa Moreira, Celeste Conceição de Jesus e Maria Conceição dos Santos, além da deputada estadual Mônica Seixas (Psol), que integra a Bancada Ativista do partido.

A audiência pública fez parte das celebrações do “Dia da Mulher Negra”, instituído no calendário oficial de Sorocaba pela Lei 11.812, de 9 de outubro de 2018, de autoria da vereadora Fernanda Garcia, e comemorado anualmente no dia 25 de julho. Essa data, realizada nacional e internacionalmente, inspira-se no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 31 de julho em homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela, que chefiava o Quilombo do Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso, e morreu por volta de 1770.

Palestras – Discorrendo criticamente sobre a Teoria das Necessidades Humanas do psicólogo norte-americano Abraham Maslow (1908-1970), a psicóloga Rosália Maria Rodrigues de Campos, mestranda em Psicologia da Educação pela Unicamp, afirmou que “as frustrações e angústias do ser humano são construções sociais” e enfatizou: “Cabe a nós nos unirmos cada vez mais para nos fortalecermos. A nossa ancestralidade construiu todos os benefícios que todas as pessoas podem usufruir nesse momento. Mais do que nunca precisamos continuar com essa luta, que é da nossa ancestralidade, para que possamos ocupar esses espaços de poder”.

A psicóloga Celeste Conceição de Jesus, que integra a Roda Terapêutica das Pretas, afirmou que a mulher negra “lida com um racismo estrutural e institucional” e apresentou estatísticas sobre o assunto. Beatriz Rosa Moreira, psicóloga que também integra o grupo, ressaltou que a psicologia, historicamente, legitimou as práticas e os estereótipos racistas através de testes psicométricos, e ressaltou que a Roda Terapêutica das Pretas, que conta com 38 psicólogas, surgiu como contraponto a essa realidade. Já a psicóloga Maria da Conceição dos Santos afirmou que, somente mais de 100 anos após sua constituição como ciência, é que a psicologia aprovou resolução estabelecendo que o psicólogo precisa ter uma atuação atenta para as questões de discriminação racial, “tentando resgatar uma dívida histórica”.

A deputada estadual Mônica Seixas, que representa da Bancada Ativista do Psol na Assembleia Legislativa (composta por outros oito “co-deputados”, representando diversos segmentos sociais), também proferiu palestra na audiência pública. A deputada discorreu sobre a história do conceito de raça, disse que a ciência, ao longo de séculos, embasou o racismo e enfatizou que é preciso desconstruir o racismo que está presente na própria subjetividade.

Participantes – A audiência também contou com a participação da ex-vereadora Tânia Bacelli, presidente do Plenu (Instituto Plena Cidadania); José Marcos de Oliveira, presidente do Conselho da Comunidade Negra; Bruna Santos, do Setorial de Mulheres do Psol em Sorocaba; Thara Wells, presidente da Associação Transgêneros de Sorocaba; Mazé Lima, presidente do Momunes; Emanuela Barros, presidente do Conselho dos Direitos da Mulher;  e a professora Ana Maria de Souza Mendes, coordenadora do Nucab (Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Uniso).

Também participaram da audiência: Luíza Alves, coordenadora do Centro Cultural Quilombinho; Maria Tereza, da Unegro; Pai Leandro de Iemanjá; professor Ademir Barros dos Santos; Cíntia, representando a Secretária de Cidadania e Participação Popular, Suelen Gonçalves; Drica Martins, presidente do conselho gestor do Céu das Artes; Renan Gomes, do Fórum Permanente de Culturas de Sorocaba; Gabriela Pereira dos Santos, coordenadora do Ampara; e estudantes do Simulações Acadêmicas de Organismos Internacionais.

A audiência pública, que contou com apresentações culturais da cantora e compositora Sônia Fernandes e do Coral de Mulheres Negras de Sorocaba, foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 6 da NET; e Canal 9 da Vivo) e pode ser vista na íntegra no portal da Casa na Internet, através de suas redes, nos seguintes endereços eletrônicos: