20/09/2019 13h21
 

Iniciativa partiu de Hélio Brasileiro (MDB). Apesar de pouco conhecida, síndrome atinge cerca de 15% da população, em diversos graus, incluindo crianças e adultos.

 

Por inciativa do vereador Hélio Brasileiro (MDB), a Câmara Municipal realizou na manhã desta sexta-feira, 20, audiência pública para apresentação da Síndrome de Irlen. Durante a manhã, foram ministradas palestras com especialistas que falaram sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento da síndrome que, apesar de pouco conhecida, acomete 15% da população, segundo estudos.  Síndrome de Irlen se caracteriza por uma alteração na visão e percepção que pode afetar o aprendizado e o cotidiano.  

 

Além do parlamentar, que presidiu a audiência, a mesa de trabalhos foi composta pelos seguintes profissionais: o secretário de Saúde, Ademir Watanabe, os médicos oftalmologistas Albano Bento do Santos Filho e Mônica Cunha Signorelli, a neuropsicóloga, Fabiana Guedes Barcelos Silveira Leite, e Silvana Marcondes da Silva, mãe de uma menina com a Síndrome de Irlen.

 

Ao início da audiência, o Dr. Hélio Brasileiro explicou que as luzes do plenário estavam apagadas, pois a luminosidade causa incômodo a pessoas com Irlen. O parlamentar anunciou o protocolo de um projeto de lei de sua autoria que cria o Programa de Conscientização e Orientação sobre a da Síndrome de Irlen, que deverá ser promovido nas escolas do município de Sorocaba, na segunda semana de outubro.

 

Palestra – O médico oftalmologista Albano Bento do Santos Filho deu início as palestras do dia. O palestrante lembrou que a Síndrome de Irlen (SI) não é considerada uma doença e sim uma disfunção, que atinge 15% da população, sendo encontrada em crianças e adultos. Há o componente genético - em cerca de 80% um dos pais possui a síndrome, mas também pode ser adquirida.  “Ela não é rara, ela é muito frequente, só não é diagnosticada”, ressaltou.

 

Os sinais da SI são diversos: incômodo com a luz, cinetose (desconforto durante o movimento, como no automóvel), cefaleia (dor de cabeça) e dificuldade de manter a atenção e o foco e de acompanhar a leitura, sobrecarga sensorial, lacrimejamento, coceira e ardência nos olhos, entre outros.

 

O diagnóstico passa pelo teste de rastreio, que inclui a apresentação de imagens e acetatos plásticos coloridos (overley) que, combinados, podem melhorar os sintomas, sendo este o primeiro tratamento que pode ajudar na leitura e, consequentemente, na alfabetização. “Às vezes a descrição da criança é que as letras estão ondulando, saindo da página”, explicou. O tratamento mais completo inclui óculos adaptados com os chamados filtros de bloqueio espectral (prescritos pelo oftalmologista). O médico lembrou que a lista de profissionais capacitados pode ser encontrada junto ao Hospital de Olhos, do Dr. Ricardo Guimarães.

 

Em seguida, a médica Mônica Cunha Signorelli, da Unicamp, falou sobre a visão do oftalmologista sobre a síndrome e o conjunto de testes utilizados para se chegar ao diagnóstico. A dra. Mônica também falou sobre sua experiência pessoal, como mãe de um filho com a síndrome, o que a levou a pesquisar o tema e se tornar uma profissional capacitada. A médica reforçou que o diagnóstico correto e precoce pode reduzir a evasão escolar e o analfabetismo funcional, melhorando a qualidade de vida e diminuindo o uso de medicamentos em crianças.   

 

Encerrando as apresentações, a neuropsicóloga Fabiana Guedes, falou sobre a dificuldade das famílias em encontrar um diagnóstico para os filhos. Fabiana é portadora leve da síndrome, que também acomete sua filha, mas de maneira mais severa. A neuropsicóloga reforçou a importância da conscientização dos educadores, para que o diagnóstico seja o mais precoce possível, evitando assim o déficit de aprendizado. Também apresentou leis em vigor em cidades, como o Rio de Janeiro, que criaram semanas de conscientização e facilitaram o acesso à capacitação dos profissionais da educação.

 

Ao final das manifestações, Silvana Marcondes da Silva deu seu relato como mãe de uma filha com a Síndrome de Irlen. Silvana pretende fundar, junto com outras mães, uma entidade de apoio às famílias de crianças diagnosticadas.  Encerrando a audiência, os palestrantes foram homenageados pelo vereador Hélio Brasileiro com votos de congratulação.  A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 6 da NET; Canal 9 da Vivo) e também ficará disponível, na íntegra, no portal da Casa através de suas redes sociais.