A
rachadura no solo da rua João Batista Machado,
no bairro Júlio de Mesquita Filho, que danificou o asfalto e fez com que duas
casas fossem interditadas, pode trazer ainda mais transtornos. Isso porque, a
grande erosão na área verde, ao lado da rua que apresentou as rachaduras,
formou um vale muito próximo a escola municipal Luiz Almeida Marins.
Visitando
o local, a vereadora Fernanda Garcia (PSOL), em conjunto com morador do bairro,
Delso Costa, e com o professor de Geografia da UFSCar, Emerson Martins Arruda,
observaram que o barranco formado pelo vale está muito próximo a escola
municipal.
"A
situação da rachadura em direção às casas me preocupou muito quando vi as
imagens. Agora, visitando pessoalmente, fiquei ainda mais preocupada com o
avanço dessa erosão em direção a escola Luiz Almeida Marins. Centenas de
crianças estudam aqui. Vou cobrar uma posição da prefeitura, para que eles
apresentem um projeto à sociedade", aponta a vereadora Fernanda Garcia.
Andando
na área verde, diversas modificações no solo foram apontadas pelo morador do
bairro, Delso Costa. Com mais de duas décadas no bairro, ele aponta que
antigamente a área verde era local de passagem para o outro lado do bairro.
Hoje, com o grande vale formado, ficou impossível atravessar a área. "É
lamentável ver a situação desse lugar. Primeiro aterram as nascentes e depois
não fizeram um projeto sério de recuperação. Há mais de 10 anos nós (moradores)
já falávamos que era um crime com a natureza o que fizeram aqui. Agora, a
natureza está devolvendo o problema para toda a sociedade".
"Há
muitos indícios de que uma movimentação de massa (solo) está acontecendo aqui.
A inclinação da vegetação e pontos de fissura no solo são algumas evidências.
Esse espaço precisa de uma ação integrada para pensar um projeto", aponta
o professor Emerson Arruda - especialista em geomorfologia, que aceitou o
convite da vereadora para dar uma opinião sobre o local.
O
professor observa que essa ação do Poder Público precisa ser organizada com
urgência. "A partir de novembro há uma tendência de aumento das chuvas e
esse fator pode contribuir ainda mais com a movimentação de massa (solo)",
adverte.
A vereadora Fernanda Garcia irá questionar oficialmente a prefeitura e exigir uma posição e ação conjunta das secretarias do Meio Ambiente, Obras e Serviços Públicos e SAAE, para que alguma solução seja apresentada a comunidade.
Causas do Problema - A mata paralela a rua João
Batista Machado é uma Área de Preservação Permanente (APP), com
nascentes que criam um vale hidrográfico. Esse é um fator importante, que ajuda
a explicar a movimentação que fez o solo ceder na rua, apresentando as
rachaduras no asfalto e nas casas. Entretanto, outros fatores também
contribuíram com a degradação da área.
Delso
Costa, relembra que a área foi aterrada há mais de uma década para criação de
uma pista de motocross. "Me recordo que mais de 200 caminhões de terra
cobriram a área para montar o circuito, na época. Eu fazia parte da Associação
de Moradores de Bairro e nós já discutíamos que aquela alteração na área
ambiental iria ocasionar prejuízos no futuro. Hoje vemos essa cena lamentável
na nossa rua".
A
pista de motocross foi criada sobre a área de preservação ambiental durante o
governo do ex-prefeito Vittor Lippi (PSDB). Inclusive, a prefeitura na época
fixou placa oficial para anunciar a implantação do circuito. A pista foi
embargada pouco tempo depois da sua criação. "É inacreditável que mesmo
com a existência de Leis ambientais no período, a prefeitura tenha sido
conivente com aquela pista", questiona a vereadora Fernanda Garcia.
"Após
algum tempo e muito conflito, a pista foi embargada, abandonada e a vegetação
voltou a crescer desordenadamente. O problema mais grave é que as nascentes
aterradas continuam em atividade e isso faz com que o solo fique sempre
vulnerável nessa parte do bairro. O muro da quadra da escola Antonio Vieira já
desabou, o asfalto sempre apresenta afundamento e ninguém apresenta uma medida
a longo prazo. São apenas questões paliativas e o problema sempre volta",
relata Delso Costa.
Além
das casas, a área verde também está próxima de outras quatro unidades
escolares: CEI 57, CEI 82, Escola Estadual Antonio Vieira e Escola Municipal
Luiz Almeida Marins.
(Assessoria de Imprensa – Vereadora Fernanda
Garcia/PSOL)