04/10/2019 13h18

A rachadura no solo da rua João Batista Machado, no bairro Júlio de Mesquita Filho, que danificou o asfalto e fez com que duas casas fossem interditadas, pode trazer ainda mais transtornos. Isso porque, a grande erosão na área verde, ao lado da rua que apresentou as rachaduras, formou um vale muito próximo a escola municipal Luiz Almeida Marins.

Visitando o local, a vereadora Fernanda Garcia (PSOL), em conjunto com morador do bairro, Delso Costa, e com o professor de Geografia da UFSCar, Emerson Martins Arruda, observaram que o barranco formado pelo vale está muito próximo a escola municipal.

"A situação da rachadura em direção às casas me preocupou muito quando vi as imagens. Agora, visitando pessoalmente, fiquei ainda mais preocupada com o avanço dessa erosão em direção a escola Luiz Almeida Marins. Centenas de crianças estudam aqui. Vou cobrar uma posição da prefeitura, para que eles apresentem um projeto à sociedade", aponta a vereadora Fernanda Garcia.

Andando na área verde, diversas modificações no solo foram apontadas pelo morador do bairro, Delso Costa. Com mais de duas décadas no bairro, ele aponta que antigamente a área verde era local de passagem para o outro lado do bairro. Hoje, com o grande vale formado, ficou impossível atravessar a área. "É lamentável ver a situação desse lugar. Primeiro aterram as nascentes e depois não fizeram um projeto sério de recuperação. Há mais de 10 anos nós (moradores) já falávamos que era um crime com a natureza o que fizeram aqui. Agora, a natureza está devolvendo o problema para toda a sociedade".

"Há muitos indícios de que uma movimentação de massa (solo) está acontecendo aqui. A inclinação da vegetação e pontos de fissura no solo são algumas evidências. Esse espaço precisa de uma ação integrada para pensar um projeto", aponta o professor Emerson Arruda - especialista em geomorfologia, que aceitou o convite da vereadora para dar uma opinião sobre o local.

O professor observa que essa ação do Poder Público precisa ser organizada com urgência. "A partir de novembro há uma tendência de aumento das chuvas e esse fator pode contribuir ainda mais com a movimentação de massa (solo)", adverte.

A vereadora Fernanda Garcia irá questionar oficialmente a prefeitura e exigir uma posição e ação conjunta das secretarias do Meio Ambiente, Obras e Serviços Públicos e SAAE, para que alguma solução seja apresentada a comunidade.

Causas do Problema - A mata paralela a rua João Batista Machado é uma Área de Preservação Permanente (APP), com nascentes que criam um vale hidrográfico. Esse é um fator importante, que ajuda a explicar a movimentação que fez o solo ceder na rua, apresentando as rachaduras no asfalto e nas casas. Entretanto, outros fatores também contribuíram com a degradação da área.

Delso Costa, relembra que a área foi aterrada há mais de uma década para criação de uma pista de motocross. "Me recordo que mais de 200 caminhões de terra cobriram a área para montar o circuito, na época. Eu fazia parte da Associação de Moradores de Bairro e nós já discutíamos que aquela alteração na área ambiental iria ocasionar prejuízos no futuro. Hoje vemos essa cena lamentável na nossa rua".

A pista de motocross foi criada sobre a área de preservação ambiental durante o governo do ex-prefeito Vittor Lippi (PSDB). Inclusive, a prefeitura na época fixou placa oficial para anunciar a implantação do circuito. A pista foi embargada pouco tempo depois da sua criação. "É inacreditável que mesmo com a existência de Leis ambientais no período, a prefeitura tenha sido conivente com aquela pista", questiona a vereadora Fernanda Garcia.

"Após algum tempo e muito conflito, a pista foi embargada, abandonada e a vegetação voltou a crescer desordenadamente. O problema mais grave é que as nascentes aterradas continuam em atividade e isso faz com que o solo fique sempre vulnerável nessa parte do bairro. O muro da quadra da escola Antonio Vieira já desabou, o asfalto sempre apresenta afundamento e ninguém apresenta uma medida a longo prazo. São apenas questões paliativas e o problema sempre volta", relata Delso Costa.

Além das casas, a área verde também está próxima de outras quatro unidades escolares: CEI 57, CEI 82, Escola Estadual Antonio Vieira e Escola Municipal Luiz Almeida Marins.

(Assessoria de Imprensa – Vereadora Fernanda Garcia/PSOL)