13/02/2020 22h02
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Por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), o jornalista Abner Laurindo recebeu a Medalha de Mérito Cultural “Ademar Carlos Guerra” e o Título

O jornalista escritor e ativista do movimento negro, Abner Laurindo, foi homenageado com o Título de Cidadão Sorocabano e a Medalha de Mérito Cultural “Ademar Carlos Guerra” em sessão solene da Câmara Municipal de Sorocaba, realizada na noite desta quinta-feira, 13. A iniciativa foi da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que ressaltou o compromisso do homenageado com as causas sociais, especialmente com a promoção da igualdade racial.

Além de Fernanda Garcia, a mesa de honra da sessão solene foi composta pelas seguintes autoridades: o guarda civil municipal Anderson Carvalho, representando o comandante da GCM, Henrique de Agrella; Ana Maria Souza Mendes, presidente do Nucab (Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Uniso); ex-deputado estadual Raul Marcelo (PSOL); Jonadabe Rodrigues Laurindo, irmão do homenageado; e o ex-vereador Saulo da Silva, o Saulo do Afro Art, autor do Título de Cidadão Sorocabano ao homenageado.

“É uma grande satisfação organizar essa sessão solene para realizar essa merecida homenagem. Abner Laurindo é um jornalista, escritor, pesquisador e militante da causa negra, que, sem dúvida, traz um exemplo de vida e de luta”, afirmou Fernanda Garcia, enfatizando que o homenageado, em sua obra, expressa as vivências do “preconceito e de um racismo velado, tão profundo em nossa sociedade”. A vereadora destacou, ainda, que a obra literária de Abner Laurindo “desperta a consciência crítica e principalmente promove a valorização do povo negro e da cultura afro-brasileira”. Os demais componentes da mesa e o presidente do Clube 28 de Setembro, Fábio de Arruda, assim como o ex-vereador Saulo do Afro Arts, entre outros, também deram seus depoimentos em homenagem a Abner Laurindo.

Abner Laurindo, em seu discurso de agradecimento, fez uma homenagem a sua mãe, Suzana Laurindo, enfatizando que todos os prêmios jornalísticos e literários que conquistou tiveram origem no grande estímulo que recebeu de sua mãe. Laurindo também afirmou que as pessoas negras ainda encontram resistência na sociedade e criticou o atual governo do país, que, no seu entender, reforça esse preconceito contra as minorias.

Na abertura da sessão, em seguida ao Hino Nacional, foi executado o Hino à Negritude, da autoria do professor Eduardo Oliveira (1926-2012), histórico militante do movimento negro, tendo sido o primeiro vereador a defender a pauta do movimento na Câmara Municipal de São Paulo. O hino foi oficializado pela Lei Federal 12.981, de 28 de maio de 2014, com o objetivo de valorizar a contribuição do negro na formação da identidade nacional. 

O evento contou com apresentações musicais de Neizinho Marciano, que fez questão de cantar a música Nkosi Sikelel’ iAfrika, Hino Nacional da África do Sul, composto por Enoch Sontonga (c.1873-1905) e conhecido internacionalmente através do grupo vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo, fundado pelo músico Joseph Shabalala, que morreu na última terça-feira, 11, aos 78 anos de idade, num hospital de Pretória, na África do Sul.

O homenageado – Paulista de Santo André, onde nasceu em 1970, Abner Laurindo foi criado na cidade de Mauá até os dez anos de idade, quando veio com a mãe e os cinco irmãos para Sorocaba, indo morar no Jardim Luciana Maria, na Zona Norte. Começou a escrever aos 13 anos e tem três livros publicados: Tempos Difíceis (romance policial), Meu Tio Levou um Tiro: Memórias de Um Garotinho Negro (memórias) e Mata Rasteira: A Origem da Resistência (romance histórico) – vencedores do Prêmio Sorocaba de Literatura.

Graduado em Jornalismo e pós-graduado em Jornalismo Literário, completou 23 anos de carreira, tendo trabalhado nos jornais Cruzeiro do Sul, Diário de Sorocaba, Folha Metropolitana e Revista Escala. Atuou como pesquisador do Departamento de Arquivo da Fundação Ubaldino do Amaral e foi assessor de imprensa da Prefeitura e da Câmara de Mauá, de entidades de classe e da Cruzada Estudantil e Profissionais para Cristo, pela qual atuou no Rio de Janeiro na divulgação do filme Jesus, produção inglesa gravada em Israel. Como ativista do movimento negro, integra o Coletivo Resistência, é diretor da Associação Ação Periférica e conselheiro da Sociedade Cultural e Beneficente 28 de Setembro.

O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET/Claro; Canal 9 da Vivo) e poderá ser visto na íntegra no portal da Casa e em nas redes sociais.