Sacerdotes e sacerdotisas das religiões de matriz africana são homenageados em sessão solene da Câmara
O Dia dos Sacerdotes e Sacerdotisas de Religiões de Matrizes Africanas foi celebrado em sessão solene da Câmara Municipal de Sorocaba na noite desta sexta-feira, 14, no plenário da Casa. A iniciativa foi do vereador Francisco França (PT), que também homenageou com votos de congratulações sacerdotes e sacerdotisas de diferentes casas. O vereador é autor da Lei 12.016, de 4 de junho de 2019, que instituiu a data no calendário oficial do município, a ser celebrada anualmente no dia 21 de janeiro, que também é o Dia Mundial da Religião e o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
Além do parlamentar, a mesa de honra da sessão solene foi composta pelas seguintes autoridades: vereadora Iara Bernardi (PT); Lourdes Liege, representando a Casa Ilé Asé Omin Agbara Ogum; Luiz Carlos Gimenez, representante da Casa Ilé Axé Ogunja e Iansã; historiador Ademir Barros dos Santos, representando o Nucab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Uniso); e pastor Francisco de Assis Gonçalves Valério, da Assembleia de Deus Voz da Profecia.
Liberdade religiosa – “Como responsáveis pela administração física e espiritual dos terreiros, esses sacerdotes e sacerdotisas merecem todo o reconhecimento da sociedade brasileira, pois seu trabalho fortalece a luta contra a intolerância religiosa e contribui para um mundo mais fraterno e humano”, afirmou Francisco França na saudação aos homenageados, lembrando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, em seu artigo 18, e a Constituição de 88, em seu artigo 5º, consagram o princípio da liberdade de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, sem qualquer forma de discriminação.
“A despeito de seu reconhecimento legal pelas constituições da maioria dos países, a liberdade de crença continua sendo violada em várias regiões do mundo. Mesmo no Brasil, ainda persistem casos de intolerância religiosa, especialmente contra os cultos de matriz africana. E essa intolerância tende a crescer, uma vez que o próprio presidente da República tenta instrumentalizar as religiões cristãs para colocá-las a serviço de seu governo”, enfatizou França, acrescentando que o Brasil é um país “plural e multiétnico” e que “sua diversidade cultural, inclusive religiosa, precisa ser preservada e valorizada”.
A vereadora Iara Bernardi (PT) parabenizou França pela sessão solene e enfatizou a importância de abrir a Câmara Municipal para esse tipo de formação, destacando as várias contribuições dos povos africanos para a cultura brasileira. “Não podemos aceitar nenhuma manifestação de intolerância religiosa”, enfatizou a vereadora.
“Religião acolhedora” – O historiador Ademir Barros dos Santos enfatizou que as religiões de matriz africana são essencialmente acolhedoras, em que pese terem sido muito perseguidas. Lourdes Liege discorreu sobre o papel das mulheres nas religiões de matriz africana. Leandro de Iemanjá destacou o trabalho social realizado pelas diversas casas. Mãe Ofá disse que a sessão solene foi um momento de comunhão, que muito a emocionou. Luiz Carlos Gimenez (Pai Luiz Janireci D’Ogum, representante da Casa Ilé Axé Ogunja e Iansã) discorreu sobre o papel dos babalorixás e ialorixás, além de denunciar a intolerância religiosa. Já o pastor Francisco de Assis Gonçalves Valério afirmou que todos têm a sua fé e cada fé deve ser respeitada.
Também por iniciativa do vereador Francisco França, foram homenageados, com votos de congratulações, os seguintes sacerdotes e sacerdotisas: Baré Kipo de Kalembá, da Casa Kazuá Ybytáguassu; Mãe Janaína de Oya, do Ilê Maria Padilha das Almas; Mãe Thays de Oxum, do Templo de Umbanda Forças da Natureza; Pai Tadeu de Obaluaê, do Culto Africano Mestre José Pilintra; Babalorixá Ivan de Ogum, do Ilê Asé Aladá Meji Ogum Irê Olá; Mãe Iraci de Iyemanjá, do Terreiro de Umbanda Mestre Zé Pilintra e Baiana Maria do Balaio; e Yalorixá Teresinha de Oya, do Ilê Ase Alaketu Oya Afefe Orun.
O evento contou com apresentações musicais de Sônia Fernandes, que cantou músicas tradicionais das religiões de matriz africana. A sessão solene foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET/Claro e Canal 9 da Vivo) e poderá ser visto na integra no portal da Casa e nas redes sociais.