13/04/2020 15h42
atualizado em: 14/04/2020 08h19
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O padre Tadeu Rocha Moraes recomenda paciência, tolerância e perseverança durante esse período de isolamento social motivado pela pandemia

O padre Tadeu Rocha Moraes, pároco da Catedral Metropolitana de Sorocaba, concedeu entrevista à TV Câmara, na manhã da Sexta-Feira Santa (10 de abril), quando falou sobre o calendário litúrgico da Igreja Católica relativamente Páscoa, além de abordar o combate à pandemia do coronavírus, que também está sendo levado a efeito nas igrejas.

“O tríduo da Páscoa começou na Quinta-Feira Santa, com a missa da instituição da Eucaristia, em que Cristo, após cear com os apóstolos, teve aquele gesto inusitado, que era próprio dos escravos: ele lavou os pés dos apóstolos, demonstrando a importância de servimos ao próximo. Esse gesto se repete na liturgia, na Quinta-Feira Santa, mas ele não foi realizado por conta da pandemia do coronavírus”, afirmou.

O pároco da Catedral Metropolitana enfatizou que todos os atos que envolvem aglomerações de pessoas estão suspensos na Igreja Católica e as celebrações litúrgicas estão sendo transmitidas pelas redes sociais. Padre Tadeu ressaltou que “o afeto humano é muito importante na vida como também na liturgia”, mas, em face da tentativa de minimizar o contágio pelo coronavírus, as celebrações da igreja estão sendo realizadas sem a presença de público.

Padre Tadeu também discorreu sobre o Paixão de Cristo: “Hoje, Igreja e Estado estão separados. Bendita separação! Mas, naquela época, não era assim e Jesus foi condenado por duas vertentes: uma vertente política, representada por Pilatos que era governador do Império Romano, e uma vertente religiosa, representada pela acusação de blasfêmia”, explicou, observando que o filósofo Santo Agostinho (354-430 d.C.) escreveu que a Vigília Pascal é a mãe de todas as liturgias da Igreja.

Isolamento social – De acordo com o padre, o afastamento do fiel das liturgias presenciais da igreja não acarreta nenhum prejuízo espiritual: “A missa não deixa de ser missa, com multidão ou sem ninguém, ainda que a assembleia dos fiéis seja muito importante e integre a liturgia. Mas diante da pandemia, pecado é a pessoa não respeitar o outro. A igreja orienta os fiéis a seguirem as recomendações da medicina, da ciência, das autoridades que entendem de saúde e recomendam o isolamento social”, enfatizou o sacerdote, lembrando a cena de alguns dias atrás em que o próprio Papa Francisco caminhou pela Praça São Pedro, em Roma, que estava vazia.

“Todos nós temos necessidades fora de nossa casa, mas temos que ter espírito crítico para saber se essa necessidade é urgente ou pode ser protelada ou realizada por outros meios. Mas há pessoas que precisam trabalhar, cuja atividade é essencial. É o caso dos profissionais de saúde a quem presto minha homenagem, gratidão e orações”, afirmou. “O isolamento social é difícil, mas se não o fizermos, o sofrimento será maior depois”, afirmou.

O padre enfatizou que não se deve pensar na epidemia como um castigo divino ou prenúncio do fim dos tempos e lembrou que o mundo já passou por várias epidemias, entre elas a gripe espanhola, no início do século XX, que atingiu Sorocaba. “A gripe espanhola dizimou a população de Sorocaba, que era uma das maiores cidades do Brasil na época. Inclusive um padre, Monsenhor João Soares do Amaral, que hoje é nome de rua no centro, socorreu muitas vítimas dessa epidemia e morreu também vítima dela, em 1900”, contou padre Tadeu.

Discorrendo sobre o significado da Páscoa, padre Tadeu afirmou: “Devemos aproveitar esse momento para descobrir a essência das coisas. O coelhinho de páscoa tem seu sentido. No Hemisfério Norte ele representa a vida, devido à sua fertilidade e ao fato de ser o primeiro animal a sair da toca quando o inverno termina. Mas não podemos resumir a Páscoa a coelhinho e chocolate. Páscoa é a vitória da vida sobre a morte, é a ressurreição de Jesus”, enfatizou o padre, que também recomendou “paciência, tolerância, compreensão e perseverança” nesse momento de isolamento social.

A entrevista do padre Tadeu Rocha Moraes também foi transmitida ao vivo pela Rádio Câmara e está disponível, na íntegra, no portal do Legislativo sorocabano e em suas redes sociais.