Paulo Henrique Soranz enfatizou que a pasta está somando esforços com instituições sociais para distribuir cestas básicas para as famílias
Com o objetivo de explicar as medidas de assistência social que estão sendo tomadas pela Prefeitura Municipal no sentido de mitigar os efeitos da pandemia de coronavírus, o secretário municipal de Assistência Social, Paulo Henrique Soranz, concedeu entrevista à TV Câmara (transmitida também pela Rádio Câmara) na tarde desta terça-feira, 14. Segundo ele, além da crise na saúde e na economia, provocada pelo coronavírus, a área de assistência social está sendo obrigada a lidar com uma série de questões urgentes. “Tivemos que mudar, por exemplo, todo o atendimento a pessoas em situação de rua”, exemplificou.
O secretário disse que a proteção social básica, que sua pasta desenvolve nos bairros periféricos da cidade, ficou bastante prejudicada, uma vez que uma série de ações tiveram de ser limitadas, devido à pandemia, além de mudar sua forma de atendimento. “A partir da década de 90, o Brasil já tinha superado a política de distribuição de cestas básicas, que foi substituída pela política de transferência de renda, muito mais eficaz. Mas voltamos a ter que falar em distribuição de cestas básicas, pois, emergencialmente, não há outra medida mais efetiva do que a entrega do alimento”, observou.
Soranz contou que a secretaria começou a distribuir cestas básicas há cerca de duas semanas, por meio dos donativos arrecadados pelo Fundo Social de Solidariedade. Segundo ele, como várias entidades também estão atuando na coleta e distribuição de alimentos, a Secretaria da Cidadania promoveu uma reunião com cerca de dez entidades que já estão desenvolvendo esse trabalho visando somar forças. “Reunindo os esforços todos do poder público e da sociedade civil, vamos conseguir chegar rapidamente àquelas pessoas que mais precisam”, enfatizou.
Cadastro de famílias – Segundo o secretário, a Secretaria da Cidadania recebe cerca de 500 a 600 ligações por dia, com pedidos de ajuda, especialmente solicitação de cesta básica. Para facilitar o cadastramento desses pedidos, foi criado um site para cadastrar famílias, além das 13.500 consideradas de extrema pobreza em Sorocaba de acordo com critérios do Governo Federal (famílias com renda per capita mensal de 89 reais). O site foi desenvolvido no Parque Tecnológico em caráter emergencial apenas para organizar a distribuição de cestas básicas e já conta com cerca de 4 mil famílias cadastradas, além das que integram o cadastro.
“Estamos seguindo as recomendações das autoridades sanitárias e tentando reduzir, ao máximo, o atendimento presencial, que, em razão da pandemia, está sendo feito só com agendamento”, observou Soranz, garantindo que as pessoas que integram o cadastro social vão receber uma cesta independentemente de conseguirem ou não contato com a pasta. Para as demais pessoas necessitadas de auxílio, mas que não estão no cadastro social, basta ligar a cobrar pelo telefone 3212-6900, da Secretaria de Cidadania, que também recebe mensagens de WhatsApp.
População de rua – Segundo Paulo Henrique Soranz, há 800 pessoas, em média, em situação de rua em Sorocaba, das quais, aproximadamente 200 têm algum vínculo com a cidade, enquanto as demais estão de passagem e são difíceis de serem atendidas. A secretaria preparou acolhimento para 130 pessoas, que será ampliado para 150, com condições de higiene, quatro refeições por dia e pernoite. “Anda não chegamos a acolher 130 pessoas, a demanda não chegou a isso; atendemos entre 80 e 90 pessoas, pois não é fácil convencer quem está nas ruas a ir para o acolhimento”, afirmou, observando que está sendo criado um novo serviço para as pessoas em situação de rua que estão com sintomas do coronavírus.
Com base em sua experiência com moradores de rua desde a década de 90, Soranz afirmou que o perfil dessa população mudou muito nos últimos 20 ou 30 anos, passando de crianças e adolescentes, geralmente vítimas de violência em casa e usuários de cola de sapateiro, para uma população adulta usuária de crack, cujo crescimento no país, nos últimos anos, segundo ele, foi em torno de 60%. Soranz explicou que o Programa Tem Saída, da Prefeitura Municipal, que adota uma série de estratégias para lidar com essa população e tentar tirá-la das ruas, teve de ser interrompido devido à pandemia do coronavírus, priorizando-se o acolhimento.
O secretário Paulo Henrique Soranz disse que diversas secretárias municipais têm colaborado com a Secretaria da Cidadania, oferecendo recursos técnicos e humanos para ajudar na distribuição de cestas básicas. E ressaltou a importância do trabalho das instituições que “constroem uma rede de proteção fortíssima em Sorocaba”. Também destacou que, após passar a fase de distanciamento social, quando a situação se normalizar na saúde e em outras áreas, o trabalho da Secretaria da Cidadania será ainda maior, em função do crescimento do desemprego, sobretudo no ano que vem, até que a economia retome seu crescimento.