23/04/2020 15h53
atualizado em: 23/04/2020 16h04
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Para os docentes da Uniso, Daniele Garcia e Leo Victorino, na educação presencial ou à distância, é essencial a interação entre mestre e aluno

Os professores Daniele de Oliveira Garcia, mestre em Comunicação e Cultura e doutoranda em Educação na Uniso (Universidade de Sorocaba), e Leo Victorino da Silva, coordenador do Centro de Educação e Tecnologia da Uniso, concederam entrevista à TV Câmara na tarde desta quinta-feira, 23, em que discutiram o papel das tecnologias na educação, sobretudo nesse período de isolamento social motivado pela pandemia de coronavírus. Eles enfatizaram que a educação à distância, que se transformou em necessidade nesse período, já existe há tempos no Brasil e no mundo e se caracteriza por ser um processo pedagógico planejado antes de ser um meio tecnológico.

Leo Victorino observou que o ensino à distância no Brasil remonta ao século XIX, quando já existiam anúncios nos jornais de cursos por correspondência e, com o isolamento social, essa modalidade de ensino que já vinha crescendo no país se tornou um meio pelo qual as escolas mantém o vínculo com seus alunos. Os professores também destacaram a necessidade de uma rotina para o estudo em casa. “É indiscutível que o aluno que vai estudar em casa tem de ter uma disciplina e uma motivação até maior do que no ensino presencial”, afirmou Victorino.

Para os professores, os problemas que podem ocorrer na aprendizagem à distância também são passiveis de acontecer até mesmo na educação presencial e o mais importante é que haja uma interação entre professores e alunos, inclusive na educação em sala de aula, em que o professor não pode se considerar o centro do aprendizado. “Essa troca de aprendizagem acontece dos dois lados, tanto por parte do aluno quanto do professor e vale tanto para o ensino presencial quanto à distância”, enfatizou Daniele Garcia.

Relações com vínculos – A professora observou que, nesse período de quarentena, em que o aluno recebe atividades escolares para desenvolver em casa, podem ocorrer dificuldades, como o fato de todos os membros da família estarem trabalhando em casa e não haver computadores ou espaço para todos. “Por isso, mais importante do que dar total importância para os conteúdos é desenvolver relações com vínculos. É importante manter o vínculo com a escola, mas não se deve entrar na paranoia de achar que se o filho perder alguns meses de aula ele vai ser reprovado, porque o tempo de aprendizagem varia de pessoa para pessoa”, destacou.

Para Leo Victorino, esse momento propicia aos pais a oportunidade de também se educarem para a pesquisa, buscando informações que desconhecem na hora em que seus filhos pedirem ajuda para fazer alguma tarefa escolar. “É possível pesquisar na Internet diferentes conteúdos sem, é claro, perder o vínculo com a educação oferecida pela escola”, destacou. Daniela Garcia também observou que esse momento possibilita olhar a tecnologia como uma aliada da aprendizagem por meio da mediação do professor.

Leo Victorino acredita que o trabalho em casa, em que pese existir há tempos, não era praticado pelas empresas, mas, após o Covid-19, tende a se intensificar, assim como a educação à distância, segundo ele, cresceu nos últimos dois anos, por vários motivos, entre eles, menor custos em termos de dinheiro e tempo do que a educação presencial. Segundo o professor, hoje já se fala muito em “educação híbrida” em que apenas a experiência, a convivência em laboratórios, é realizada presencialmente na escola, ficando a parte de conceitos para o processo à distância.

Processo educativo – Para Daniele Garcia, não se pode confundir o processo educativo com o mero uso da tecnologia, uma vez que esse processo, segundo ela, vai muito além. “O professor vai ter que desenvolver a sua capacidade de comunicação diante das tecnologias, mas, sem desmerecer o profissional youtuber, o professor tem uma função que vai além disso, tanto que ele sempre conseguiu se adaptar às situações mais diversas, como a falta de laboratório e de materiais pedagógicos na escola”, observou Daniele Garcia.

Leo Victorino entende que esse é um momento para se promover uma maior utilização na educação dos recursos tecnológicos, que já estão há muito presentes na sociedade. E Daniela Garcia destaca: “Uma aula não se encerra nos seus 40 minutos. É preciso considerar não apenas a transposição do conteúdo teórico, mas a interação que o aluno terá com ele e o que vai produzir a partir disso. Então, é importante levar em conta os diferentes estilos de aprendizagem e a diversificação das mídias e não somente a aula em si, que, mais do que uma aula, é um conjunto de vários processos”, reforçou a professora.

Na entrevista – que foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e pela Rádio Câmara e ficará disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano – os professores defenderam a necessidade de que a escola busque formar seus alunos para fazer um uso mais consciente da tecnologia e enfatizaram que, neste momento de isolamento social, as escolas e os professores estão fazendo um esforço redobrado para que os alunos não fiquem desamparados em seu processo de aprendizado.