24/04/2020 13h17
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Para Ademir Watanabe, situação é “razoavelmente confortável, mas com muita preocupação”.

Em entrevista à TV Câmara, na manhã desta sexta-feira, 24, o secretário de Saúde, Ademir Watanabe e o coordenador do Comitê de Combate ao Covid-19, Fernando Brum, apresentaram um balanço da atual situação do Município, após mais de um mês de quarentena em Sorocaba. Na primeira entrevista da dupla ao programa, há três semanas, a cidade registrava 14 casos, hoje são 79. 

O secretário elencou as ações de enfrentamento à pandemia e disse que o isolamento da população, precocemente, evitou uma disseminação em massa na cidade. “Estamos hoje com uma situação até que razoavelmente confortável. Não temos um volume tão grande de pacientes internados, como temos visto em países europeus e nos Estados Unidos, e reputo isso as medidas que foram antecipadas”, afirmou. De acordo com Watanabe, se as medidas não tivessem sido tomadas de forma precoce, os casos poderiam chegar a 17 mil em Sorocaba, o que, em sua opinião, demonstra a eficiência do decreto de emergência.  

Sobre a chamada “segunda onda” da doença, Fernando Brum lembrou que, como o resultado dos exames iniciais não foram imediatos, ainda estão sendo confirmados casos suspeitos, e que a doença, em sua opinião, ainda está circunstanciada a pessoas vindas do hemisfério norte, ou seja, a segunda onda virá quando houver um encontro entre pessoas de diferentes classes sociais. “Acredito que a onda vá seguir o mesmo que a H1N1, entre junho, julho e agosto. Não estou fazendo previsão, fiz um estudo dos casos e do histórico da doença da H1N1 e fiz uma projeção”, afirmou.

O secretário também frisou a necessidade de manter os cuidados, ressaltando que a taxa de isolamento na cidade é de cerca de 50%, quando a OMS preconiza 70%. Reforçou ainda que, após 40 dias de isolamento, a preocupação é maior com as classes sociais mais baixas, que se encontram “ilhadas”, o que já interfere na saúde mental dessas pessoas.

“As classes A e B, que tem como se isolar com mais conforto,  tem mais acesso à saúde. As classes menos favorecidas têm menos acesso à saúde. Parece um contrassenso, mas é a realidade. Se não houver o isolamento, serão as mais prejudicadas”, disse Brum, reforçando a necessidade do isolamento. 

Ocupação de leitos - Sobre os 50 leitos da Santa Casa, específicos para os casos de Covid-19 (20 de UTI e 30 de enfermaria), Fernando Brum informou que a taxa de ocupação é de 30%, sendo a maior parte dos internados advindos do sistema carcerário. “Essa é a maior prova que a aglomeração é que transmite a doença”, afirmou.

Com relação aos leitos, o secretário de Saúde comentou a implantação de 40 leitos de enfermaria em galpão anexo na UPH da Zona Leste (referenciada para o novo coronavírus) e a construção do hospital de campanha na Arena Multiuso. “Tínhamos notícias de centenas de mortos na Itália, na espanha, e não queríamos isso aqui no Brasil, principalmente aqui em Sorocaba. Nos antecipamento e hoje temos recursos, por hora, para enfrentar a pandemia”, ressaltou.

Sobre a aquisição de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), Watanabe registrou o empenho de toda a Secretaria de Administração da Prefeitura, que trabalhou incansavelmente para conseguir material, e também destacou as doações de empresas, sociedade e do próprio Parque Tecnológico. 

Os entrevistados reforçaram ainda a importância do uso de máscaras como medida de proteção e barreira para a disseminação do vírus, uma vez que muitos infectados são assintomáticos. “Use, não custa nada. É uma segurança sua, do seu amigo, da sua família e também de quem você não conhece. Faça isso por você e pelo outro”, afirmou o Brum. “É uma questão de cidadania, você se preocupar em não transmitir para o outro”, completou Ademir Watanabe.

Referente à testagem da população, o secretário de Saúde, disse que o Instituto Adolf Lutz conseguiu zerar a lista de espera e atualmente a demora é de cerca de dois dias. Disse ainda que houve dificuldade para a compra do teste PCR, que comprova se há vírus, e daquele que identifica se houve produção de anticorpos. Agora, num segundo momento, a secretaria lançará mão de testes para analisar a curva de contágio no município. 

Para finalizar, os entrevistados ressaltaram que o serviço de saúde está preparado para poucos casos em muitos dias, por isso a importância do isolamento, uma vez que, caso haja um aumento repentino de casos no Município, poderá haver um colapso, como em qualquer outro sistema de saúde. “Maio está chegando, algo pode mudar, mas até lá nada mudou, os cuidados devem continuar, respeitando os decretos”, disse Brum.

Já o secretário de Saúde reforçou que o sistema saúde pública é imenso e complexo, sendo que as demais doenças não deixaram de existir, inclusive os casos de dengue. “Entendam que estamos fazendo um esforço muito grande para poder fazer esse enfrentamento, mas precisamos, principalmente, do apoio da população”. 

Por fim, o Dr. Watanabe destacou que praticamente 80% dos óbitos registrados no município são de pessoas do grupo de risco, com diabetes e pressão alta. “Cuide da sua pressão e da sua diabetes, siga exatamente o que seu médico diz, para que você não seja mais um paciente que contraia o coronavírus e vá a óbito”.