13/05/2020 12h26
Facebook

O empresário de comunicação e diretor do Esporte Clube São Bento, José Abrão Filho, participou de uma entrevista na Rádio Câmara, na manhã desta quarta-feira (13), para falar sobre a importância de buscar informações durante o período da pandemia da Covid-19 para evitar um clima de pânico. De acordo com ele, imprensa e os governantes têm apresentado muito destaque para notícias negativas, mas que é preciso se aprofundar no conteúdo e nos dados para entender a realidade de fato.

Abrão afirma que o brasileiro tem sido atingido por muitas informações, mas as negativas acabam ganhando mais destaque nas mídias. “A gente ficando em quarentena acaba consumindo muito mais informação, mas infelizmente muitas pessoas não tem hábito de leitura e fica somente no título da matéria, não se aprofunda, e acaba compartilhando sem analisar. Às vezes a notícia é verdadeira mas não desse momento”, explica Abraão, lembrando que essa ação pode criar um clima de medo e pânico entre a população.

Segundo o empresário, há um ambiente negativo, com as pessoas temendo que serão contaminadas pelo novo coronavírus a qualquer momento. Ele citou uma declaração do governador do estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, afirmando que mesmo pessoas em isolamento foram contaminadas. “As pessoas ficam pensando que se ficarem em casa vão morrer e, se saírem, também, mas não é assim”, disse. 

Ele lembrou que tem sido comum notícias compararem a situação do Brasil com outros países, principalmente europeus. Abrão, porém, afirma que essa atitude não serve como parâmetro para entender a pandemia no país. “O Brasil é muito grande, São Paulo tem mais pessoas do que muitos países da Europa, e temos uma forma gestão completamente diferente do europeu. Poderíamos comparar com Rússia, Estados Unidos, Chinas, mas mesmo assim os órgãos que definem os números são diferentes em cada país”, explica.

Sobre números da Covid-19 no Brasil, Abrão afirma que o país convive com informações defasadas, como nos casos de mortes. “Ontem forma noticiadas mais de 800 mortos, mas não foram todos ontem, foram acontecendo e sendo confirmados, mas demora muito pra chegar à população e agente acaba ficando perdido no meio de tanta informação”, disse, lembrando que os dados e confirmações de mortes demoram a sair.

Abrão destacou que é preciso não confiar no título das matérias quando buscar informações, mas sim ler todo o conteúdo e pesquisar. Ele usou como exemplo a coletiva do governador de São Paulo que anunciou a lotação do Hospital Emílio Ribas, o principal hospital no atendimento à Covid-19. “Ele disse que tem 90% de ocupação de vagas em SP e a gente fica com medo, mas qual é o normal? É 90% ou 50%?”, questionou.

O empresário criticou a postura governador que, segundo ele, atua como mediador de programa de televisão. “Quem dá notícia é a imprensa, o governador quer dar notícia pesada para ter destaque na mídia, ai mistura a questão eleitoral. As pessoas deixam de dar valor e as vezes tem uma informação importante”, alertou.

Na entrevista, ele ressaltou as diferenças entre cada região do Brasil e que não se pode tomar os dados gerais do país para que medidas sejam tomadas. Lembrou ainda que a quarentena funciona para quem tem casa e recursos para se isolar, porém a realidade de muitos brasileiros é diferente, com falta de saneamento básico e até mesmo de casa. “É importante despertar o interesse em discutir temas de interesse básico, como saneamento, tomara que essa discussão perdure quando tudo isso passar”

Em relação à desigualdade, Abrão destacou a questão do sistema educacional durante a pandemia, onde aulas via internet não atendem toda a população. Lembrou também que as pequenas empresas sofrem mais do que as grandes indústrias e que não imagina como será o retorno das atividades econômicas no Brasil após a pandemia e como as cidades vão se preparar, apontando como problemas a queda de arrecadação e inadimplência nos municípios. “Tem a questão da renuncia fiscal, das atividades paradas, e a questão das pessoas que não vão conseguir pagar suas dívidas”, lamentou.

Esporte – Como diretor do São Bento, José Abrão Filho também falou sobre a situação do clube sorocabano que está com as atividades suspensas. “O esporte, junto com o turismo, é um dos seguimentos mais afetados, pois não tem jogo, não tem transmissão, não tem receita, patrocinadores não ganham visibilidade”, explica. Ele também afirma que a situação também afeta os sócio-torcedores, que ficam sem o benefício de ir ao estádio.

De acordo com Abrão, o clube está com os atletas parados e que a retomada precisa começar primeiro com a autorização para treinamentos, que ainda não tem data definida. “Provavelmente os jogos serão com portões fechados, há também um protocolo para atletas, eles também estão com medo”, disse o diretor, lembrando que existem também outras atividades no clube envolvidas, como preparadores, auxiliares, roupeiro e funcionários do setor administrativo. “Ao todos são 40 famílias que dependem do clube, é uma situação preocupante, pois não temos noção de quando voltarão as atividades”, afirmou.

Enquanto o futebol está paralisado, Abrão disse que seguem as ações de reestruturação do clube. Segundo ele, foi criado um comitê de pessoas na cidade, independente da diretoria, que estão trabalhando na revitalização do CT Humberto Realle. “Temos uma estrutura pequena, mas um espaço grande. Já foi feito poço artesiano para economizar com água para irrigação do gramado, ligação de gás, lavanderia e estamos em processo de construção da nova sede”, contou. Para isso, está sendo organizada a venda de parmegianas para levantar recursos. “Todo o dinheiro será revertido para as obras. Tudo que tem sido feito lá (no CT) foi com doações. Em Sorocaba todo mundo é são-bentista”, brincou.