13/05/2020 14h36
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Em entrevista à Rádio Câmara Sorocaba, na manhã desta quarta-feira, 13, a Dra. Rosana Paiva, médica infectologista, especialista em saúde pública e professora da PUC-SP, falou sobre o avanço das pesquisas para combater o novo coronavírus no país. De acordo com a médica, três medicamentos estão sendo testados com sucesso no tratamento de pessoas infectadas no Brasil, mas uma vacina para eliminar a Covid-19 deverá estar disponível somente a partir do próximo ano.

De acordo com a Dra. Rosana, a pandemia tem modificado a qualidade de vida das pessoas e medidas para combater o novo coronavírus precisam ser avaliadas de forma a trazer mais benefícios do que prejuízos. Por conta disso, vários medicamentos estão sendo utilizados para o tratamento das vitimas. “Medicamentos disponíveis no mercado podem ser testados nos humanos, mas vacina não, precisa de várias etapas estudos”, contou. 

Segundo ela, a previsão para a descoberta de uma vacina é o ano que vem, já a fabricação e distribuição em nível industrial devem levar mais tempo. “Por isso, o Brasil precisa se mobilizar para criar a própria vacina para não ser refém no mercado mundial, como aconteceu no caso dos equipamentos de saúde”, disse.

Segundo a médica, atualmente, três medicamentos têm sido utilizados com sucesso nos hospitais brasileiros, a Ivermectina, o Zinco e a Nitazoxanida, que ajudam a reduzir a carga viral do paciente, podendo chegar a zero. Porém, as medidas mais eficazes continuam sendo as de prevenção como os cuidados com a higiene, como lavar as mãos e evitar contato com os olhos, e a utilização de máscara, com atenção ao manusear o equipamento. 

De acordo com a especialista, todos os medicamentos utilizados para o tratamento da Covid-19 precisam de receita médica para serem adquiridos, “para evitar a falta da medicação como ocorreu com a hidroxicloroquina”, que tem orientação de ser administrada em pacientes com sintomas graves no início do contágio. “Hoje temos medicamentos que mostram que se bem utilizados, no tempo certo, são eficazes”, completou. 

Ela frisou que hoje os médicos precisam entender o entorno do paciente, para preservar toda a sociedade e que haverá uma nova normalidade, com a retomada das atividades, mas com adequações.

A médica também se mostrou contrária aos comparativos de números da pandemia entre países, pois, cada situação depende da particularidade da localidade. “Essa epidemia vem escancarar a saúde pública, como ela é tratada nos diferentes países”, afirmou, destacando que o Brasil já vivenciou diversas epidemias como Aids e H1N1, hepatite e meningite, dengue e febre amarela, sendo que cada situação, cada epidemia, tem sua particularidade. “Queremos que as pessoas se curem e que, se possível, não cheguem a essa situação de ficarem na dependência de hospitais”, disse.

Por fim, a médica se disse contrária ao lockdown, lembrando que afetaria mais as classes mais baixas. Fazendo uma comparação, lembrou que em uma guerra, quando não há armas, é preciso recuar, porém, agora existem armas, portanto é preciso avançar. “Se aumentar os números de mortes, recua de novo”, disse, criticando medidas extremas de isolamento e o viés político de algumas ações.