Em sabatina, Ademir Watanabe ressaltou que unidade deverá estar apta para receber pacientes no final de semana. Inicialmente serão preparados 20 leitos, que só serão ocupados caso haja alta taxa de ocupação na Santa Casa e UPH Zona Leste
O secretário de Saúde, Ademir Watanabe, foi sabatinado pelos vereadores na manhã desta terça-feira, 19, dando continuidade à série de encontros com os secretários municipais envolvidos com as ações do Município de enfrentamento a pandemia do novo coronavírus.
O presidente do Legislativo, vereador Fernando Dini (MDB), abriu a sabatina no plenário da Câmara Municipal e em seguida repassou a condução dos trabalhos ao vereador Anselmo Neto (Podemos), que preside a Comissão Especial de Prevenção e Combate ao Covid-19. “Por solicitação dos vereadores, na última semana decidimos chamar os gestores das principais secretarias para que a gente possa entender e colaborar com as ações do Executivo neste momento”, iniciou Dini.
Em seguida, Anselmo Neto recebeu da equipe da saúde a resposta ao ofício da comissão sobre os gastos e empenhos relativo às ações de enfrentamento à pandemia e a instalação do hospital de campanha na Arena Multiuso. Segundo levantamento da SES, quando a Santa Casa e a UPH da Zona Leste atingirem 70% de lotação dos leitos Covid, será iniciada a ocupação do hospital de campanha. Até o momento foram gastos com a unidade R$ 666 mil reais (detalhados em planilha entregue aos parlamentares). O total empenhado, em 18 de maio, é de R$ 1.721.487,72.
O documento foi lido pelo relator da comissão, Hudson Pessini (MDB). “Na última sexta-feira estavam reverberando que o hospital de campanha já tinha custado R$ 10 milhões. Essa comissão, que não pactua de falácias, estava sendo constantemente indagada e achamos que nada mais justo que buscarmos a verdade”, afirmou o relator, em referência ao envio do ofício.
O secretário lembrou que todos os dados estão disponíveis à população no Portal da Transparência e destacou o empenho da equipe no planejamento e instalação do hospital. “Não somos experts em montagem de hospitais, peço desculpa caso haja alguma falha. Estamos nos empenhando como forma de levar o melhor atendimento aos munícipes”, afirmou.
Questionamentos – Em resposta ao vereador João Donizeti (PSDB), o secretário de Saúde reafirmou que, desde o início da pandemia, o planejamento envolveu a redução no atendimento nas UBSs e Policlínica, ao mínimo possível, como forma de impedir a propagação do vírus, sem prejuízo aos pacientes crônicos, por exemplo. O secretário pontuou ainda que, inicialmente, houve uma grande dificuldade de aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Watanabe explicou que a Santa Casa foi escolhida como o hospital para atendimento dos pacientes do Covid-19, para internação, tentando preservar os demais hospitais da cidade. Já a UPH Zona Leste foi definida para atendimento de urgência, em sequencia a UPH Zona Norte e UPA do Éden (sempre respeitando as taxas de ocupação). De acordo com o médico, são 30 leitos na Santa Casa e 40 na UPH Zona Leste, além do hospital de campanha, que deverá estar apto para atendimento inicial de 20 leitos já neste final de semana.
O secretario reafirmou que espera que o hospital não seja utilizado, mas, acredita que será sim ocupado no futuro, destacando a queda na taxa de isolamento no município. O parlamentar também quis saber como está a curva de contágio e comportamento do município. “A gente entende que a população está cansada, mas hoje estamos chegando praticamente no pico da curva. Se não tentarmos agora evitar esse contato, teremos as consequências depois”, afirmou o secretário.
Sobre o contrato emergencial com ambulâncias, o secretário explicou que serão necessárias essas duas novas unidades, para atender exclusivamente os pacientes com a Covid-19. O secretário informou ainda que o Município já recebeu R$ 1,3 milhão do Governo Federal e cerca de R$ 8 milhões do Estado, sendo estes recursos com destinação certa.
Policlínica e UBSs - “Não seria melhor ter montado o hospital de campanha na Policlínica? Porque virão investimentos que ficariam em uma estrutura permanente e o benefício seria incorporado em um próprio público municipal”, pontuou o vereador João Donizeti. O secretário afirmou que o custo estimado para a reforma do prédio da Policlínica é de R$ 10 milhões, o que inviabilizaria a montagem do hospital de campanha.
João Donizeti solicitou ainda a manutenção dos demais programas da Secretaria de Saúde nas UBSs para que a população não fique desassistidas com relação a outras doenças. Da mesma forma, Renan Santos (PDT) solicitou a retomada gradual dos atendimentos nas UBSs. O secretario ressaltou que o pós-pandemia preocupa a secretaria e, pensando nisso, estão sendo analisadas medidas como a telemedicina e o prontuário eletrônico, entre outras, para auxiliar na retomada de atendimentos.
A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) também questionou se há previsão para retomada de cirurgias eletivas. Watanabe reafirmou que há uma preocupação com o pós-covid, não havendo uma previsão de retomada das atividades regulares, ressaltando que cirurgias de emergência estão mantidas.
A vereadora também lembrou que 14 médicos serão deslocados para o município pelo governo federal e quis saber se os profissionais vão trabalhar no hospital de campanha. Segundo o secretário, vieram até o momento nove médicos, através do programa “Mais Médicos”, e está acertado que atenderão no hospital de campanha que, frisou, terá também uma equipe multidisciplinar. Em resposta à vereadora, a equipe de saúde informou que, incialmente, deverão ser alocados 70 profissionais no hospital.
Já a vereadora Iara Bernardi (PT) discordou que haja um planejamento adequado na Secretaria de Saúde e reforçou que, antes mesmo da pandemia, havia uma grande demanda por especialidades no município. Também afirmou que, em sua opinião, a Policlínica poderia sim ser adequada mais facilmente como hospital de campanha.
A parlamentar fez uma série de questionamentos quanto aos empenhos para aquisição de equipamentos e medicamentos, incluindo respiradores. “Tudo isso que está na listagem já está contratado?”, questionou. Segundo o secretário, já existem três respiradores no hospital de campanha e outros dois estão sendo comprados. Watanabe afirmou ainda que medicamentos foram adquiridos e já há contrato com empresas de alimentação e limpeza.
Próximas semanas – O vereador Pastor Apolo (PSL) quis saber se os maiores gastos já ocorreram e se o município está preparado, financeiramente, para enfrentar as próximas semanas, quando é aguardado um avanço dos casos. Também lembrou que médicos da rede serão destacados para o hospital de campanha. “Como as UBSs estarão preparadas pra voltar se os médicos estão na linha de frente?”, pontuou.
O secretário disse que todas as ações dependerão do avanço dos casos para liberação de novos leitos, não descartando a possibilidade de contratação de novos médicos, caso haja necessidade. “O que não posso é deixar um hospital sem médicos”, afirmou. “Estamos preparados para enfrentar essas três semanas. Se todos os recursos se esgotarem, temos como solicitar recursos por requisição, graças ao estado de calamidade”, concluiu.
Já o vereador Hudson Pessini destacou que, apesar do aumento de casos, o Município registra um alto nível de cura, registrando dias seguidos sem novas mortes. “Temos que reconhecer o que está sendo feito na Santa Casa”, afirmou.
O secretário de Saúde confirmou que ainda não há uma crise no município com relação aos leitos de enfermaria, mas que na semana passada, foi acesa a luz de alerta devido ao aumento na ocupação dos leitos de UTI. “Essa pandemia realmente cursa de forma muito estranha”, afirmou. De acordo com o secretario, a equipe de saúde está trabalhando para que o hospital de campanha esteja pronto para iniciar o atendimento neste final de semana – inicialmente 20 leitos.
Em seguida, o vereador Francisco França (PT) ressaltou que, apesar de Sorocaba apresentar poucos óbitos, relativamente, existem novos casos diários, e quis saber qual a alternativa para aumentar a taxa de isolamento no Município, incluindo uma maior fiscalização. O secretário reforçou que a Secretaria da Saúde segue a linha da prevenção, para evitar o colapso do sistema, e reforça constantemente a importância da etiqueta respiratória e do isolamento, não cabendo, porém, a SES a fiscalização.
Encerrando as participações, Péricles Régis (MDB) destacou que seus questionamentos foram encaminhados por e-mail à Secretaria de Saúde. “A ideia é fazer apontamentos para que possamos ensinar a população a buscar a verdade no site da Prefeitura e combater as fake news”, disse. O vereador Marinho Marte (PP) também acompanhou a sabatina.
Nesta quarta-feira, 20, não haverá participação de secretários, pois será realizada sessão ordinária. Dando continuidade às sabatinas, na quinta-feira, 21, será ouvido o secretário da Fazenda, Fábio Martins, e para a sexta-feira, 22, está em tratativa a participação do secretário de Administração, José Carlos Cuervo Junior.