Álvaro Augusto e Antônio Carlos Guitti, que integram o movimento tropeiro, participaram de entrevista, que contou com o vereador Luis Santos (PRB)
Dando prosseguimento às celebrações da Semana dos Tropeiros, que contou com entrevistas de vários historiadores, a TV Câmara dedicou uma programação especial ao tema no último sábado, 30 de maio, com apresentações musicais da dupla Tiago e Rafael e entrevistas de integrantes do movimento tropeiro. O vereador Luis Santos (Republicanos), autor de leis que buscam valorizar a memória do tropeirismo no município, foi um dos entrevistados, juntamente com o tropeiro e pesquisador Álvaro Augusto Antunes de Assis e Antônio Carlos Guitti, mais conhecido como Caio dos Tropeiros. A entrevista foi conduzida pelo apresentador Anderson Santos, diretor da Escola do Legislativo.
O Dia do Tropeiro é comemorado anualmente no dia 22 de maio, por força da Lei 11.171, de 16 de setembro de 2015, de autoria do vereador Luis Santos, que instituiu a referida data no calendário oficial do município. Também da autoria de Luis Santos, a Lei 11.086, de 22 de abril de 2015, institui o Município de Sorocaba como a “Capital do Tropeirismo”. Já a Lei 5.897, de 4 de maio de 1999, de autoria do vereador Marinho Marte (PP), cria o “Memorial do Tropeiro” no município. Luis Santos também é autor da Lei 11.770, de 31 de julho de 2018, que estabelece como cidades-irmãs a cidade de Sorocaba e a cidade de Lapa, no Paraná, que também faz parte do caminho das tropas.
Luis Santos lembrou que, todos os anos, durante a Semana dos Tropeiros, a Câmara Municipal realiza uma sessão solene sobre o tema, com ampla participação dos integrantes do movimento tropeiro, mas, devido à pandemia de coronavírus, não foi possível realizar o evento. “Hoje, com o coração um pouco apertado, um pouco triste por não podermos realizar essa sessão solene, os meios de comunicação da Casa, a título de compensação, estão realizando essa programação especial sobre o tema. Estamos comprometidos com o tropeirismo, para que não se perca esse momento histórico, de mais de dois séculos, que marcou Sorocaba”, enfatiza o vereador.
Tropa de muares – Álvaro Augusto Antunes de Assis explicou que o tropeiro, propriamente dito, é quem trabalha com burros e mulas, animais que foram o principal meio de transporte do país, a partir do século XVIII, com a descoberta das minas de ouro. Antes, o transporte de carga era feito por indígenas, num primeiro momento, e pelos escravos negros. “O tropeiro era quem buscava os muares no sul do país e trazia para Sorocaba, que funcionava como um entreposto desse meio de transporte. Sorocaba era uma espécie de concessionária da época”, brinca Álvaro Augusto, lembrando que, ainda hoje, existem muitos lugares no país que precisam dos muares como meio de transporte.
Antônio Carlos Guitti, o Caio dos Tropeiros, discorreu sobre a saga dos tropeiros desde Sorocaba até o sul do país, levando ao surgimento de várias cidades no caminho das tropas. Corroborando a afirmação de Guitti, o vereador Luis Santos lembrou que o tropeirismo teve importante papel na história da própria cidade de Curitiba, capital do Paraná. Por sua vez, Guitti lembrou, também, que o tropeirismo ensejava uma série de outras atividades, como a produção de selas. “Em Sorocaba, havia duas famílias de seleiros: o meu avô, por parte de pai, e o avô do vereador Marinho Marte. E só havia um fornecedor de material, que funcionava na Rua São Bento”, conta Guitti.
Utensílios tropeiros – Álvaro Augusto explicou que os muares (burros e mulas, que são estéreis) são filhos de égua com jumento e a tropa tem uma madrinha, que é sempre seguida pelos demais muares. “Normalmente, a madrinha fica com o cincerro, um sininho, no pescoço, que é de extrema importância para o tropeiro, que ouve o barulho da líder da tropa e, com isso, sabe onde ela está”, conta Álvaro Augusto, explicando que uma tropa normalmente era composta por 200 animais, que seguiam uma madrinha, sob os cuidados de cinco peões. O tropeiro também falou dos diversos utensílios da cultura tropeira, como a canastra (caixa de madeira revestida de couro) e a bruaca (mala de couro), observando que esses nomes mudam de acordo com as regiões do país. “No Casarão de Brigadeiro Tobias temos esses materiais da cultura tropeira”, ressaltou.
Caio dos Tropeiros falou das dificuldades para se preservar a cultura tropeira através da realização de eventos alusivos ao tema e destacou o papel da historiadora Vera Job na criação da Semana dos Tropeiros. “Nós, brasileiros sorocabanos, precisamos fazer com que o tropeirismo cresça cada vez mais e Sorocaba possa ser conhecida no país como a cidade do tropeiro”, afirmou Guitti. Álvaro Augusto também destacou a importância de Vera Job e do historiador Adolfo Frioli para a cultura tropeira. “Essas pessoas me fizeram acreditar nisso e, no que depender de mim, essa tradição nunca vai acabar”, enfatizou, destacando a necessidade de união de esforços para preservar essa cultura.
No final da entrevista, o vereador Luis Santos enfatizou que Sorocaba é uma cidade que prima pelos valores tradicionais, como família e religião, e disse que o tropeirismo, assim como o movimento ferroviário, integra esses valores que precisam ser cultivados na sociedade, especialmente nas escolas. “Sorocaba deve muito ao tropeirismo o fato de ser essa cidade que preserva os princípios conservadores e os bons costumes”, enfatizou.
A entrevista foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET; e Canal 9 da Vivo) e ficará disponível nas redes sociais da Casa.