09/06/2020 10h30
atualizado em: 09/06/2020 11h49
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O vereador enfatizou que, mesmo com o isolamento social, seu trabalho parlamentar continua intenso, ainda que tomando todos os cuidados

O vereador Francisco França (PT) concedeu entrevista à Rádio Câmara na manhã desta terça-feira, 9 (também transmitida ao vivo pela TV Câmara), quando falou das ações parlamentares de seu mandato durante o período de isolamento social motivado pela pandemia de coronavírus. “Eu e toda a minha equipe, mesmo tomando os devidos cuidados, trabalhamos o tempo todo, encaminhando as demandas da população. Continuamos nessa luta, defendendo a vida, defendendo a sociedade”, afirma o vereador.

Francisco França ressaltou a importância das ferramentas digitais, cujo uso foi intensificado durante o isolamento social, mas destacou como positiva a volta das sessões presenciais na Câmara Municipal (que recomeçam nesta quarta-feira, às 9 horas). “A sessão presencial tem mais calor humano e oferecer mais oportunidade para interagirmos com os colegas vereadores. As redes sociais cumpriram o seu papel, mas é hora de retomarmos a convivência olho no olho, que é a melhor forma de promovermos o debate parlamentar nesta Casa de Leis”, ressalta.

Auxílio emergencial – O vereador disse que a maior demanda suscitada com a pandemia é a preocupação com o desemprego e com o auxílio emergencial a ser pago às famílias mais vulneráveis. “É importante frisar que esse auxílio não partiu do Governo Federal, que propunha um auxílio de 200 reais; o Congresso Nacional foi quem aumentou o valor, que ficou em 600 reais, que já é pouco, mas imagine se fosse apenas 200”, disse, acrescentando que esse auxílio emergencial também gerou muitas dúvidas entre os possíveis beneficiários, que buscaram seu gabinete em busca de esclarecimentos.

“Isso foi o que mais pesou: a falta de estrutura dos governos para manter as pessoas em casa. É fácil mandar ficar em casa, mas quem põe a comida no prato?”, indaga, lembrando outros custos das famílias, como pagamento de contas e compra de medicamentos. Francisco França observa que, mesmo no caso das contas de água e energia elétrica, foram suspensos apenas os cortes nesse período, mas as contas terão de ser pagas, ainda que renegociando e parcelando o valor. França observou que também houve muita preocupação por parte dos pequenos comerciantes de bairro, que sentem a necessidade de voltar a abrir o seu comércio.

Isolamento social – Francisco França externa sua preocupação com a volta às ruas, que, segundo ele, está ocorrendo de forma muito acelerada. “É inadmissível vermos filas nas portas das lojas com mais de 100 pessoas. Será que isso é uma necessidade de fato? Será que não era possível esperar passar essa euforia? Será que precisa ir a família toda, pai, mãe, filho, avó, neto, tia, para fazer compras de uma vez? Existe toda uma orientação no sentido de se manter o isolamento social, mas, infelizmente, só leva o isolamento a sério quem já teve um familiar ou pessoa muito próxima que foi vitima do coronavírus”, afirma França, lembrando a morte recente do sindicalista Carlos Alberto Gáspari, que foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Como vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, França afirma não ter dúvida de que a greve realizada pela categoria no início da pandemia foi importante para manter a população em casa e retardar a curva ascendente do coronavírus em Sorocaba. “Prova disso é que, hoje, com a volta da população às ruas, a Santa Casa já está chegando ao limite de sua capacidade”, afirma, destacando que o sindicato participou de diversas negociações com o poder público no sentido de manter apenas 40% da frota naquele período (presentemente aumentada para 50%).

Para Francisco França, “o Brasil está na contramão da história” em termos de combate à pandemia de coronavírus. “Vários países do mundo, e até os Estados Unidos, se renderam ao isolamento total, que foi o único meio de combater a doença, mas o Brasil fez um isolamento de faz de conta. Os governadores de Estado e alguns prefeitos tentaram fazer o isolamento, mas temos um presidente da República que é totalmente contra. O Estado fala uma coisa, a União fala outra, e isso acaba dividindo a sociedade. A gente escuta, ainda hoje, pessoas dizendo que a pandemia não existe, que é uma invenção da imprensa. Um absurdo! Mas isso é culpa dos governantes que temos, principalmente a Presidência da República”, afirma.

Mediação de reunião – França mediou, recentemente, uma reunião com taxistas e motoristas de aplicativos. “Os taxistas perderam mais de 90% de suas corridas durante esse período de pandemia. Uma situação muito difícil. Também fomos procurados pelos representantes dos aplicativos. Nesse momento, não dá para haver disputa entre eles, é preciso trabalhar em harmonia para que todos possam sobreviver. Foi com esse intuito que mediamos duas reuniões dessas categorias com os secretários da Prefeitura envolvidos com o assunto, inclusive a Secretaria de Governo. O objetivo é garantir que, tão logo passe a pandemia, todos esses profissionais possam trabalhar de forma reconhecida e regulamentada. Vamos ter mais reuniões, nos próximos dias, para aprofundar essas discussões e buscar o melhor para todos”, acrescentou.

Francisco França destacou que, mesmo durante a pandemia, ele e sua equipe apresentaram ao Executivo uma série de reivindicações da população. “As demandas do meu mandato são muito variadas. Costumo dizer que não sou vereador de um segmento ou de um bairro, mas da cidade de Sorocaba. Então, encaminhamos muitas demandas relacionadas à manutenção da cidade, questões de zeladoria, como substituição de lâmpadas queimadas”, afirma o vereador, destacando, entre suas ações, o recapeamento de duas ruas no Jardim das Esmeraldas, em decorrência de emendas parlamentares que apresentou e que foram executadas.

Observando que “os períodos de crise exigem das pessoas que elas se reinventem”, Francisco França contou que resolveu fazer uso das redes sociais durante o período de isolamento social, uma prática que, segundo ele, não fazia parte do seu dia a dia. “Todo mundo sabe que nunca fui adepto das redes sociais. Sou um vereador de bairro, de ir à casa das pessoas, de ir às portas das empresas. Sempre penso que o contato humano é o melhor e o mais sincero. Mas, nesse momento, tivemos que usar as redes sociais para conversar com a população e foi positiva essa experiência, que vamos continuar utilizando”, afirmou, destacando o trabalho de sua equipe nesse trabalho. 

No final da entrevista, França lamentou a operação policial realizada na Prefeitura de Sorocaba em razão de suspeitas envolvendo a compra de equipamentos para o combate à pandemia e disse que está acompanhando o caso. A entrevista foi concedida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET e Canal 9 da Vivo) e ficará disponível nas redes sociais da Casa.