A delegada Veraly Bramante Ferraz concedeu entrevista à TV Câmara, também transmitida pela Rádio Câmara
O combate à violência contra a mulher foi o tema da entrevista concedida ao programa Câmara Debate, da TV Câmara, pela delegada Veraly de Fátima Bramante Ferraz, titular da Delegacia da Defesa da Mulher de Sorocaba, na manhã desta terça-feira, 16. Na entrevista, também transmitida pela Rádio Câmara, a delegada discorreu sobre as políticas públicas que visam prevenir e combater a violência doméstica.
A delegada conta que, quando prestou concurso, existiam apenas seis mulheres numa turma de 80 delegados. Seu primeiro trabalho foi em Araçariguama. Em seguida, trabalhou na Delegacia de Defesa da Mulher em Espírito Santo do Pinhal e, ainda, em São João da Boa Vista, tendo atuado em várias outras delegacias, antes de se tornar titular da Delegacia da Mulher, que, desde o ano passado, passou a funcionar 24 horas em Sorocaba.
“A Delegacia da Mulher atende a mulher vítima de violência doméstica, vítima de violência sexual e as crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos”, explica a delegada, lembrando que a Delegacia da Infância e Juventude só abrange o menor infrator. Segundo Veraly Ferraz, as ocorrências envolvendo menores como vítimas podem ser registradas em qualquer delegacia, mas os casos são remetidos para a Delegacia da Mulher dar continuidade às investigações.
Isolamento e violência – A delegada destacou que, neste período de isolamento social motivado pela pandemia, a Secretaria Estadual de Segurança Pública ampliou o leque de boletins de ocorrência que podem ser feitos virtualmente, através da Internet. “Todos os boletins feitos pela Internet são recepcionados e direcionados para cada distrito da referida área, tendo o devido encaminhamento”, afirma Veraly Ferraz, observando que, desde 1º de junho, a Delegacia da Mulher voltou a trabalhar normalmente, mas o acesso do público continua limitado em razão da pandemia.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 16 de abril último, houve um aumento de 431% nos relatos de brigas entre vizinhos no Twitter entre fevereiro e abril deste ano. Em São Paulo, segundo o estudo, o aumento dos feminicídios chegou a 46% na comparação de março de 2020 com março de 2019 e duplicou na primeira quinzena de abril. “Em Sorocaba, felizmente, não houve nenhum registro de feminicídio nesse período”, destaca Veraly Ferraz, acrescentando que houve uma redução significativa no número de boletins de ocorrência nesse período.
A delegada enfatizou que, mesmo no período de pandemia, as mulheres não devem ter receio de denunciar os casos de violência doméstica e conclamou as demais pessoas a também denunciarem a violência contra mulheres, crianças e adolescentes, através do Disque 100, ou através do número 180, que é específico para violência doméstica. “Por mais que a vítima, até por medo, não queira, é preciso denunciar”, exorta, ressaltando que a denúncia pode ser anônima.
A delegada Veraly Ferraz também falou de alguns casos em que mulheres se autolesionam para incriminar o homem e alertou que isso é algo grave e que, no curso das investigações, se reverte contra a mulher. A delegada explicou, ainda, que o Protege Mulher (o antigo Botão do Pânico) se destina apenas às mulheres que estão sob medida protetiva deferida pela Justiça e, por fim, pediu que, no caso de se ter que fazer um boletim eletrônico virtual sobre violência doméstica, quanto mais dados ele tiver, melhor.
A entrevista foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e poderá ser vista na íntegra no portal da Casa e em suas redes sociais.