19/05/2021 18h55
atualizado em: 19/05/2021 19h00
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Vereador Péricles Régis, desembargador João Batista Martins César e a psicóloga Vivian Picini foram os entrevistados desta quarta

Vivian Picini – psicóloga do CreasA psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da Zona Norte, Vivian Cancellara Picini, o desembargador João Batista Martins César e o vereador Péricles Régis (MDB) participaram na tarde desta quarta-feira, 19, de nova rodada de entrevistas da campanha “Maio Laranja”, dedicada ao combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O evento é realizado durante essa semana pela Câmara Municipal em parceria com a Prefeitura de Sorocaba e com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).

No início da tarde, a psicóloga Vivian Picini concedeu entrevista à TV Câmara falando sobre a atuação do Creas no combate ao abuso de crianças e adolescentes. Picini explicou que a estrutura de amparo atualmente disponível em todo o país foi conquistada gradativamente a partir da Constituição Federal de 1988 e, principalmente, do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990.

A psicóloga informou que em 2020 o Conselho Tutelar de Sorocaba registrou 133 casos de crianças vítimas de violência sexual, o que representa queda em relação aos anos anteriores, mas ponderou: “Durante a pandemia, como os atos ocorrem dentro de casa, não ocorrem as notificações. Pode parecer nos dados oficiais que houve redução, mas com certeza houve aumento muito grande nos casos, pois 70% dos casos registrados pelo conselho eram de agressores da família”.

A entrevistada explicou que o Creas recebe as denúncias e através de protocolos de encaminhamento entra em contato com a família. Em seguida, realiza escuta qualificada para verificar as demandas; inclui a família no serviço de atendimento especializado, compartilha com serviços de psicoterapia e defensoria pública, se for o caso; e realiza o acompanhamento, com reavaliação a cada três meses.

Vivian Picini orientou que deve haver atenção psicológica às crianças e adolescentes, podendo ser abordado o tema com vídeos ou livros, e dessa forma abrir o diálogo para verificar algum indício de que um problema pode estar ocorrendo. Por fim, a psicóloga alertou que as pessoas precisam ficar atentas aos sinais físicos, mas também mudanças comportamentais, que podem ser sinais de que a criança ou o adolescente está sendo vítima de violência, para caso necessário, procurar a assistência.

Vereador Péricles RégisCombate à exploração sexual – Em seguida, o vereador Péricles Régis foi entrevistado juntamente com o desembargador João Batista Martins César. O magistrado iniciou explicando a diferença, pouco compreendida, sobre o que é a exploração sexual. “Quando estamos falando de exploração de crianças e adolescentes erroneamente se fala em prostituição infantil, o que é um erro, pois um menor não se prostitui por vontade própria, é alguém que a está colocando nessa situação e isso configura a exploração sexual”.

O desembargador ressaltou que deve ser criada cultura de denunciar casos, afirmando que a população precisa estar atenta a eventuais casas de prostituição onde haja desconfiança que existam menores. “Na dúvida, denuncie. Acione o conselho tutelar, a polícia e a rede de proteção será movimentada”.

Péricles Régis afirmou que dados do próprio canal “Disque 100” revela que houve aumento de casos de abuso sexual. “Quase 10% das ligações são sobre violência sexual infantil. A pandemia afastou as crianças de locais seguros como a escola e UBSs, por exemplo, infelizmente aumentando o número de violência e abuso sexual”.

O vereador falou também do problema de aliciamento de menores pela internet, que segundo ele acompanha o aumento de “O uso da internet está sendo maior nesse momento e os pais não têm como administrar o tempo das crianças em casa e elas ficam com os celulares, onde estão vulneráveis a aliciadores”.

Desembargador João Batista Martins CésarEm seguida, o desembargador destacou a necessidade de cuidar da orientação das crianças para não apenas combater, mas prevenir os casos de abuso e exploração sexual. “Mais de 51% dos abusos sexuais envolve crianças de um a cinco anos. Por isso, respeitando a idade e a linguagem adequada, tem que explicar que o corpinho da criança ninguém pode tocar. Tem que ter essa conversa inclusive na fase da adolescência, pois infelizmente tem casos de vítimas da sedução de um adulto”.

Por fim, Péricles Régis disse que exploração sexual atinge 70% mulheres, na sua maioria negras, e defendeu que apenas com políticas públicas adequadas o problema pode ser combatido. “Isso tem um vínculo muito forte com a pobreza e reflete nesse número também. Então precisamos tomar ciência desses números para fazer um estudo de política pública para dar amparo às famílias, tirá-las da pobreza e assim reduzir esses números”.