16/07/2021 13h55
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No programa da Escola do Legislativo, transmitido pela TV Câmara, Beatriz Martinhão falou sobre economia criativa em tempo de pandemia

Com o objetivo de discutir propostas inovadoras, especialmente diante das restrições motivadas pela pandemia de coronavírus, que se iniciou em março do ano passado, o programa Plenário Educação, da Escola do Legislativo, debateu a economia criativa na cidade, trazendo a arquiteta e empreendedora Beatriz Martinhão, que falou sobre seu trabalho nessa área, desenvolvido na região do Mangal e Jardim Paulistano, com a valorização do trabalho de artistas e artesãos locais. O programa foi conduzido Paulo Marquez e por Anderson Santos, diretor da Escola do Legislativo.

Proprietária de uma loja de móveis, Beatriz Martinhão conta que, quando começou a pandemia, ficou sem saber como continuar ofertando seus produtos, uma vez que não dispunha de uma loja virtual na Internet. Valendo-se das redes sociais, especialmente pelo WhatsApp, começou a conectar potenciais clientes e percebeu que as pessoas estavam preocupadas com o autocuidado, inclusive o aumento do consumo de plantas, uma vez que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e sentiram a necessidade de cuidar melhor de seu espaço doméstico.

Com base nessa constatação, sua loja de móveis se juntou com uma loja de vendas de plantas e outra loja de produtos naturais, todas da mesma região, e as três começaram a trabalhar juntas, montando pacotes de vendas conjuntas, como um móvel, um difusor de ambiente, uma planta, itens que, comprados juntos, tinham redução de custos. “Foi um sucesso. Às pessoas começaram a comprar o kit para presente e isso deu força e fôlego para as lojas em meio a essa pandemia que nem sabíamos quanto tempo iria durar”, conta Beatriz Martinhão.

Segundo Beatriz Martinhão, essa estratégia, inicialmente, não visava sequer o lucro, mas tão somente a sobrevivência da loja e a preservação dos empregos. Para isso, a lojista criou novas modalidades de venda, como a compra à distância, por meio do envio de fotos e vídeos dos produtos, em que o cliente escolhia o que queria e nem precisava descer do veículo ao buscar seu produto na loja. 

Para Beatriz Martinhão, uma das indagações frequentes na economia criativa é como precificar a arte, como ganhar dinheiro com produtos de decoração. No seu entender, a resposta para essas perguntas está na capacidade de conhecer melhor o perfil do público. “É difícil para o cliente entender e é difícil para o próprio artista precificar o seu trabalho. Então, eu penso que esse trabalho de entender o público local é fundamental, inclusive para que as pessoas percebam que não precisam ir para São Paulo para consumir arte. Tem muito artista de qualidade aqui, só precisam de espaço”, afirma.

A arquiteta destaca a realização de iniciativas como a “Feira Selvagem”, que possibilitou a exposição do trabalho de vários artesãos. Beatriz Martinhão acredita que, durante a pandemia, também houve um apoio maior das pessoas ao comércio local. Relatou, ainda, as adaptações que teve de fazer em seu negócio, como a necessidade de substituir o aço como matéria-prima de alguns produtos, pois, segundo ela, o aço ficou muito caro com a pandemia, inviabilizando o custo de alguns produtos para os clientes.

Por fim, Beatriz Martinhão, que, juntamente com outros artistas, está à frente do Galpão Duca, um espaço de disseminação de arte e cultura, enfatizou que Sorocaba dispõe de artistas de muito talento, que produzem quadros, roupas, porcelanas, cerâmicas com muita qualidade, mas, no seu entender, nem sempre são pagos como merecem. Mas acredita que “é um trabalho de formiguinha, de persistência”, convencer as pessoas a valorizar essa produção artística local.