A mãe de Jefferson Rubio, jovem negro assassinado, também esteve presente na Câmara Municipal, pedindo justiça para caso de seu filho
Com o objetivo de pedir justiça no caso do jovem negro Jefferson Rubio de Moura, de 17 anos, que foi assassinado com um tiro pelas costas por um policial militar à paisana, no Jardim das Flores, no dia 15 de setembro último, integrantes do movimento negro de Sorocaba compareceram à Câmara Municipal na manhã desta quinta-feira, 7, acompanhados pela mãe do jovem assassinado, Dirce Rubio Moura. Liderados por Cida Costa, eles também pediram a criação, na Câmara Municipal, de uma frente parlamentar étnico-racial para discutir casos do gênero.
Acompanhada da mãe de Jefferson Rubio e representando o movimento negro, Cida Costa usou a tribuna para cobrar justiça em relação ao caso e reivindicou à Câmara Municipal a criação da referida frente parlamentar para discutir os casos de violência contra negros, que, no seu entender, são fruto do racismo estrutural da sociedade brasileira. “Fazemos essa reivindicação com base nas leis, na Constituição Federal e no Estatuto da Igualdade Racial”, afirmou.
“Sabemos que o racismo faz do cotidiano, mas para perceber isso é preciso ser negro ou ser solidário à causa e saber, de fato, o que é o racismo estrutural. Ser solidários é o que precisamos mais, ter empatia com o outro. São os direitos humanos que dizem que precisamos ser solidários”, afirmou Cida Costa, na tribuna, vestindo uma camiseta com a imagem do jovem Jefferson Rubio e acompanhada, da galeria, por pessoas da comunidade negra, que portavam cartazes contra o racismo.
Comissão permanente – O presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba, adiantou que, além da comissão especial criada para acompanhar o caso do assassinato de Jefferson Rubio, também já solicitou à Secretaria Jurídica da Casa a realização de estudos para a criação de uma comissão permanente para tratar de assuntos étnico-raciais.
Outros vereadores se manifestaram sobre a questão. O vereador Fausto Peres (Podemos), que participou das reuniões e pediu espaço na tribuna para o movimento, foi enfático: “Nada justifica uma pessoa ser brutalmente assassinada e vamos constituir a comissão para acompanhar esse e outros casos do gênero” – afirmou.
Iara Bernardi (PT) lembrou outros casos de jovens negros que foram assassinados e disse que esses casos não tiveram a apuração devida, com transparência, por terem policiais envolvidos e por serem as vítimas pessoas negras. “É o racismo estrutural, introjetado na cultura do brasileiro e, também, na cultura dos policiais, que tratam de forma diferenciada a juventude negra. Isso precisa ser apurado”, afirmou Iara Bernardi (PT).
O vereador Vitão do Cachorrão (Republicanos) também lamentou a morte do jovem, lembrando que perder um filho é uma tragédia. Em seguida, o vereador Fausto Peres (Podemos), Iara Bernardi (PT), Fernanda Garcia (PSOL) e João Donizeti Silvestre (PSDB), acompanhados pela mãe de Jefferson e os integrantes da comunidade negra, protocolaram o requerimento que cria a comissão especial para tratar do caso.