Vereadoras e militante negra falam da luta pela igualdade racial na Rádio Câmara

O programa “Comissões em Debate”, realizado pela Rádio Câmara Sorocaba, recebeu, na tarde desta quinta-feira, 9, as vereadoras Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (PSOL), integrantes da Comissão dos Direitos da Comunidade Negra e Promoção da Igualdade Racial, e a militante feminista e do movimento negro em Sorocaba, professora Regina Cardoso, para debater sobre violência contra a mulher negra e a luta pela igualdade racial.

Na oportunidade, as parlamentares contaram sobre a importância da comissão, criada nesta legislatura, e que conta também com o vereador Fausto Peres (Podemos), para trazer o debate sobre o racismo para dentro do Legislativo, com o objetivo de discutir políticas públicas necessárias para a causa. Elas também trataram da situação da população negra na cidade, bem como as desigualdades ainda existentes na sociedade por conta do racismo, como a remuneração mais baixa para os negros na comparação com os brancos, sendo essa realidade ainda pior para as mulheres negras.

“Hoje ainda se vê essa diferenciação na sociedade. Mas o presidente Lula anunciou medidas voltadas para as mulheres brasileiras em busca de uma igualdade salarial. Haverá multa muito maior para as empresas que pagarem menos para uma mulher em relação ao homem no desempenho da mesma função”, destacou Iara.

Fernanda Garcia falou sobre a importância dos movimentos sociais no fortalecimento das lutas contra as desigualdades, como as iniciativas de boicotes a estabelecimentos machistas e racistas e disse que o racismo ainda é forte no país. “Por isso a Câmara tem papel fundamental de trazer o debate”, pontuou a parlamentar, destacando projetos de lei como o que reserva 20% cargos para pessoas negras em concursos públicos e que determinam que propagandas tenham a inserção de mulheres e homens negros,  “Quando se traz o debate e cria-se essa comissão para debater na casa de leis é um diferencial que a Câmara tem conseguido, e essa luta do movimento tem mudado a situação”, explicou.

As convidadas também trataram sobre conceitos de racismo estrutural, racismo institucional e individual, além da importância do sistema de cotas nas universidades públicas. “É uma transição, uma política para acelerar o processo de igualdade”, justificou Iara Bernardi, destacando que os negros não forma inseridos na sociedade após a escravidão, sendo inclusive proibidos de estudar.

Regina Cardoso destacou que a sociedade ainda enxerga os negros como pessoas que servem apenas para trabalhos brutos ou cuidados domésticos, além da hipersexualização dos homens e mulheres. Ela defendeu a necessidade de discutir políticas publicas em diversas áreas, como saúde e educação, para cobra do poder publico a promoção da igualdade racial.

No programa, as convidadas ainda lembraram de personalidades negras, como Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares e Marielle Franco, que fortaleceram as lutas da comunidade negra. Fernanda Garcia contou que, no próximo dia 14 de março, dia que em se completa cinco anos da morte de Marielle, haverá uma seção solene na Câmara, às 19h, para relembrar o legado da ativista assassinada e trazer para a discussão mulheres que lutam diariamente contra diversas opressões.

Ao final, Regina Cardoso apresentou números da violência contra as mulheres, em especial as negras. Segundo ela, em 2022, mãos de 20 milhões de mulheres forma vitimas de algum tipo de violência do parceiro. “A gente sabe que esses números não são totais, tem uma subnotificação. E do total, são mais de 60% negras e cerca de 50% com filhos, ou seja, são casos que atingem a família toda”, disse.

O programa Comissões em Debate vai ao ar pela TV Câmara Sorocaba e pode ser assistido no canal do Legislativo no Youtube.