02/05/2023 15h05
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Programa recebeu a vereadora Fernanda Garcia (PSOL) e a psicóloga Daniele Shibayama para falar sobre o “Maio Furta-Cor”

O mês “Maio Furta-cor”, dedicado às ações de conscientização, incentivo ao cuidado e promoção da saúde mental materna, foi o tema do programa Câmara Saúde exibido pela Rádio e TV Câmara na tarde desta terça-feira, 2, com a presença da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), autora da lei que instituiu a data no calendário municipal, e da psicóloga clinica e perinatal, Daniele Shibayama.

De acordo com Fernanda Garcia, a lei 12.615/2022, que instituiu o mês Maio Furta-cor foi criada por meio de conversas com a própria Daniele. “Vimos o quanto seria essencial para a cidade esse projeto aprovado”, disse a vereadora, lembrando que a iniciativa visa criar inserir no calendário municipal um período para promover palestras, seminários, reuniões e para tratar da importância do debate saúde mental materna. “Receber um novo ser é uma baita responsabilidade. Tem o lado bonito e as dificuldades. A gente traz um debate muito amplo com toda rede municipal de saúde”, explicou Fernanda, destacando que este é o primeiro ano da aplicação lei no município.

Segundo Daniele Shibayama, a gravidez é romantizada na sociedade e não abre espaço para falar dos desafios. Ela afirma que em torno de 10 a 15% das mulheres sofrem com depressão ainda na gravidez. “São muitas mudanças hormonais, sociais, profissionais, então trabalho justamente com essa sensibilização e prevenção do adoecimento psíquico”, explicou. Ela contou que a campanha do mês Maio Furta-cor surgiu em Curitiba, durante pandemia. Hoje já são 50 projetos de lei sobre a data aprovados em no Brasil e em negociações para inserção em nível nacional. “Hoje já temos representantes em quatro continentes discutindo esse tema”, disse a psicóloga.

Sobre o papel do município, Fernanda Garcia destacou que o número de psicólogos na rede básica é baixo para atender a demanda. “Tem impacto direto na vida das mulheres. Nem todas as mães têm condições de ter uma profissional voltada a esse tema, uma psicóloga particular”, disse. “A lei não resolve, mas traz a discussão. O movimento provoca ação sobre a importância de profissionais contratados, por concurso publico, para a rede basca de saúde. Esse podem conhecer a mãe e atender a geração da família”, resumiu a vereadora, ressaltando a necessidade de ampliação do quadro de servidores psicólogos na saúde.

Furta-cor – Daniele explica que a maternidade não é única, e cada mãe tem sua necessidade. “No entanto, elas convergem na questão do adoecimento psíquico, da saúde mental”, disse a psicóloga sobre a escolha da cor que dá nome á campanha relacionada
às múltiplas maternidades.

Daniele disse também que atualmente pé possível visualizar os reflexos da saúde mental após a pandemia. Segundo ela, houve um retrocesso de 18 anos da mulher em conquistas econômicas. “Sete milhões de mulheres abriram mão do trabalho para cuidar da casa, dos idosos, de crianças, e isso gerou um impacto muito grande na saúde mental da mulher e todos no entorno”, disse. “É preciso um entendimento de que a mulher não precisa dar conta de tudo”, lembrou Fernanda Garcia.

Entre os fatores que afetam a saúde mental, de acordo com Daniele, estão gravidez não planejada e violência doméstica que, segundo a psicóloga teve um crescimento assustador durante a pandemia. Fernanda Garcia disse que destinou emenda para produção de 87 mil cartilhas para divulgação de informações sobre ciclos de violência às mulheres, que afetam toda a família. Daniele ainda destacou a questão de sobrecarga da mulher, que acumula o cuidado da casa e familiar com o profissional. “Isso é impactante para saúde mental pois ela não tem pausa, cuida de todo mundo”, explica Daniele, lembrando da importância dos micro auto cuidados para melhorar a saúde mental.

Fernanda Garcia afirmou que tem conversado com a Secretaria de Saúde do município para a implementação de atividades voltadas à saúde mental da mulher e disse que a campanha é uma elo para pensar ações coletivas com quem está envolvido no tema e buscar números estatísticos para direcionar investimento da lei orçamentária. “O município tem muito a contribuir, mas as vezes não dá a atenção que deveria. É um problema futuro que pode ser evitado, a prevenção real”, disse Fernanda Garcia sobre a contribuição do SUS e do governo municipal para a causa.