Eduardo Pereira, entre outros temas, falou do título de Patrimônio Cultural Imaterial concedido à orquestra por iniciativa de Ítalo Moreira (PSC)
A Orquestra Sinfônica de Sorocaba, mantida pela Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (Fundec), foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de Sorocaba. Esse reconhecimento foi estabelecido pela Lei nº 12.808, de 26 de maio de 2023, de autoria do vereador Ítalo Moreira (PSC), publicada recentemente no Jornal do Município. Esse foi um dos assuntos abordados pelo maestro Eduardo Pereira, regente e diretor artístico da orquestra, em entrevista ao programa “Manhã Câmara”, da Rádio Câmara, conduzido por Priscilla Radighieri e Marcelo Araújo, na manhã desta sexta-feira, 2.
“Esse reconhecimento não é só da orquestra, mas da cultura sorocabana, o que abre espaço para que outras instituições e projetos culturais também possam ser reconhecidos e valorizados” – afirmou Eduardo Pereira. “É um marco para a cidade de Sorocaba e para o próprio Estado de São Paulo, uma vez que, infelizmente, são poucas as cidades que contam com uma orquestra reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial. Queremos agradecer o vereador Ítalo Moreira, autor da lei que propiciou esse reconhecimento. Essa lei vem como carro-chefe das comemorações dos 75 anos da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, que serão celebrados no próximo ano”, adiantou.
O maestro conta que está sendo feito um trabalho de documentação e pesquisa histórica sobre a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, cujo primeiro registro data de 3 de outubro de 1949, quando ocorreu o concerto inaugural da orquestra, sob a regência do maestro Benedito Camargo. Eduardo Pereira ressaltou que, naquele mesmo ano, a Câmara Municipal de Sorocaba instituiu a Sociedade Artística Cultural de Sorocaba, uma espécie de Fundec da época, com o objetivo de difundir a música e as demais artes, como a música, a dança, o teatro, e a literatura. Para o maestro, o concerto inaugural indica que a orquestra já existia um pouco antes, uma vez que para se fazer o concerto era necessário que os músicos já estivessem organizados, ensaiando e realizando apresentações, ainda que não oficialmente.
Economia criativa – Eduardo Pereira também destacou o papel da orquestra sinfônica como uma forte expressão da economia criativa, ao lado de outras manifestações culturais e artísticas, como dança, pintura, teatro, cinema, TV, rádio e outras expressões que movimentam a economia, gerando empregos nas mais diversas áreas. O maestro observou que um evento cultural “envolve desde o artista que está no palco até o pipoqueiro, vendendo pipoca, salgadinhos, refrigerantes, em frente a um teatro, um museu, um centro cultural, além de diversos outros serviços, como segurança, publicidade, limpeza, iluminação, sonorização, estacionamento, redes de hotelaria e restaurantes, entre outros”.
Além desse papel na economia da cidade, a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, conforme destacou o maestro, também exerce um papel pedagógico, contribuindo para a formação de novos músicos. Eduardo Pereira conta que a orquestra estabeleceu uma parceria com o Instituto Municipal de Música, que, por sinal, está com inscrições abertas de 5 a 16 de junho para selecionar candidatos para os cursos de instrumentos musicais, teatro adulto e interpretação para vídeo. “No ano passado, iniciamos um intercambio artístico-pedagógico entre a Orquestra Sinfônica de Sorocaba e o Instituto Municipal de Música, oferecendo dez bolsas para alunos do último ano do instituto, que passam por uma seleção rigorosa e, uma vez aprovados, fazem estágio de um ano na orquestra, com a supervisão de um professor, um monitor. Essa é uma experiência fundamental para a carreira de músico profissional”, ressalta.
Ainda no campo da formação musical, a Orquestra Sinfônica de Sorocaba oferece uma série de concertos didáticos, voltados para alunos da rede pública de ensino, para que eles conheçam a orquestra, inteirando-se dos instrumentos musicais que a compõem e do repertorio de concerto. “Certo dia, me perguntaram na Faculdade de Direito o que leva alguém a tocar fagote. A primeira coisa é conhecer o fagote. Violão, piano, violino, todo mundo conhece, mas um fagote, um oboé, muitas vezes as pessoas não conhecem e, consequentemente, nem têm como ter vontade de tocar esses instrumentos”, observou.
Programação da orquestra – Eduardo Pereira também antecipou a programação da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, que, neste mês de junho, mais precisamente no dia 23 (uma sexta-feira, às 20 horas) e no dia 25 (um domingo, às 11 horas e às 19 horas), irá apresentar o seu II Arraial Sinfônico, com um repertório comemorativo das festas de São João, calcado na música folclórica. O “Arraial Sinfônico” faz parte da série “Diversidade” da orquestra, que, segundo o maestro, passeia por diversos gêneros musicais e, neste “Arraial Sinfônico”, especialmente pela música do Nordeste brasileiro. O outro ciclo de concertos da orquestra é a “Série Maestro Ostergren”, dedicada ao regente, pesquisador, professor e acadêmico Eduardo Ostergren, que dirigiu a Orquestra Sinfônica de Sorocaba por 20 anos.
Outra novidade é o Cine-Concerto a ser realizado em agosto, quando será apresentado o filme “O Garoto” (1921), de Charles Chaplin, um clássico do cinema mudo, cuja trilha sonora será feita ao vivo pela Orquestra Sinfônica de Sorocaba. Além disso, a orquestra irá participar, pela segunda vez, do Festival de Campos do Jordão, em 15 de julho, às 16 horas, no Palco Capivari. “Esse festival, já na 53ª edição, é considerado o festival de música clássica mais importante da América Latina, recebendo músicos e orquestras de todo o mundo”, enfatiza Eduardo Pereira.
O maestro lembrou, ainda, os desafios que enfrentou ao assumir a orquestra logo após a pandemia de Covid-19. “Foi um período muito complicado para as artes. Por conta da pandemia, tivemos um corte muito grande de componentes na orquestra e, hoje, depois de um trabalho junto com a diretora da Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba, já estamos com 51 músicos na orquestra, o que é um número considerável. Por meio de parcerias, estamos procurando popularizar a orquestra, não no sentido musical, mas no sentido de levá-la a ser mais conhecida pela população, trazendo as pessoas até ela”, explicou.
Por fim, Eduardo Pereira fez questão de ressaltar os maestros que conduziram a orquestra antes dele, como o compositor sorocabano Nilson Lombardi (1926-2008), Pedro Cameron, Jonicler Real e Eduardo Ostergren, além de Benedito Camargo. E, no final da entrevista, reiterou a importância para Sorocaba de poder dizer que sua orquestra, que completará 75 anos em 2024, é um Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade. A entrevista do maestro na Rádio Câmara (também transmitida pela TV Câmara) pode ser vista na íntegra nas redes sociais do Legislativo sorocabano (YouTube e Facebook).