Iniciativa do vereador Vinícius Aith (Republicanos) reuniu especialistas e pacientes para discutir o tema na tarde desta segunda-feira, 11.
A saúde dos ostomizados, assim como a dificuldade de acesso às bolsas coletoras, foi tema de audiência pública realizada na tarde desta segunda-feira, 11, na Câmara Municipal de Sorocaba, por iniciativa do vereador Vinícius Aith (Republicanos). O debate precede o Dia Nacional dos Ostomizados, celebrado em 16 de novembro, e foi realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Apoio e Pesquisa a Pacientes Oncológicos em Reflexologia (Ibrapper).
A mesa principal do evento foi composta pelo parlamentar proponente da audiência, Vinicius Aith, que presidiu a sessão; pela presidente do Ibrapper, Cleide Machado; pelo coordenador técnico da Secretaria de Saúde, Dr. Lucio Neves, representando o secretário Dr. Claudio Pompeo; pela enfermeira mestre em estomaterapia, Mariana Pasquini; e pela enfermeira estomaterapeuta Vanessa Araújo.
Na abertura da audiência, Aith destacou a importância da assistência promovida pelo Ibrapper aos pacientes ostomizados e a grande participação popular para debater o tema no plenário da Câmara. Na sequência, uma video-reportagem mostrou todo o trabalho realizado pela ONG que atende, principalmente, paciente oncológicos, com o trabalho de voluntários em diversas especialidades na área da saúde. Também foi apresentado depoimento do Dr. Vinícius Maciel, cirurgião oncológico e responsável técnico da entidade, ressaltando os serviços oferecidos pela Ibrapper, destacando a oferta de bolsas coletoras para pacientes ostomizados.
A presidente do Ibrapper, Cleide Machado falou sobre a luta pela busca de dignidade para os ostomizados, que são paciente que passaram por procedimento para construir um novo caminho para a eliminação de urina e fezes, e o apoio recebido do município, destacando emendas recebidas de parlamentares, como o próprio vereador Vinícius Aith. Ela, no entanto, destacou o crescimento de atendimentos no Ibrapper, que passou de 35 para 428 pacientes ostomizados somente em Sorocaba, sendo mais de 600 incluindo toda a região. “Estão entrando por dia até oito pacientes novos”, disse.
Segundo ela, a responsabilidade pelos ostomizados seria do governo estadual, mas que há três anos não são atendidos no Hospital Regional com a distribuição de bolsas coletoras. “Fica muito difícil para nos atenderemos, por isso a importância dessa audiência para falar da saúde dos ostomizados”, afirmou, citando as dificuldades enfrentas diariamente pelos pacientes. Ela disse que tem conseguido atender todos, sendo apenas 35 com as verbas recebidas da prefeitura municipal, mas que a procura aumenta todo dia.
Sobre a oferta de bolsas, a presidente da ONG explicou que são diversos modelos existentes e cada paciente necessita de uma bolsa específica, mas que a situação atual obriga a entidade a ofertar os materiais disponíveis, que muitas vezes causam transtornos os pacientes, como a falta de adaptação. “Se a gente não conseguir o apoio que necessitamos, não sei para onde esses pacientes irão”, disse. Vinicius Aith pediu ao assessor do deputado estadual Vitão do Cachorrão, que estava na audiência, que levasse a demanda ao parlamentar.
Mariana Pasquini exlicou sobre os problemas causados pela falta de material adequado para atender os pacientes, principalmente bebês. Ela apresentou algumas das bolsas coletoras existentes e relatou a dificuldade de adaptação de um paciente para outro. Ela demonstrou como é a utilização das bolsas, necessária para pessoas que tiveram danos no intestino, principalmente durante tratamento de câncer, e contou sobre o esforço dos pacientes para conseguirem a manutenção das bolsas. A enfermeira contou que a ONG não recebe materiais e insumos para atender todas as necessidades atuais.
Já a estomaterapeuta Vanessa Araújo destacou a necessidade para inserir a assistência ao ostomizados no serviço público de saúde, que vai além da distribuição de bolsas coletoras. Ela lembrou que no próximo dia 16 de novembro serão completados 15 anos da portaria que determina os direitos dos pacientes ostomizados e que vem sendo negligenciada. Segundo a enfermeira, um serviço que deveria ser de responsabilidade governamental e de referência para a região, está sendo deixado para o terceiro setor. “A portaria determina que cada paciente receba 10 bolsas por mês, o que já era pouco, e hoje tem paciente recebendo a metade”, ressaltou. “O que nos pedimos é que existam e sejam discutidas políticas publicas para que o setor público assuma esse cuidado como deve ser feito. Estamos tapando buraco há muito tempo. Há 4 anos o Ibrapper assumiu um papel que não é dele e está cômodo para as prefeituras”, disse.
O representante da Secretaria de Saúde, Dr. Lucio Neves, disse que reconhece a realidade dos ostomizados e explicou que o município, desde 2021, vem se adaptando por conta do fim do serviço oferecido pelo governo estadual. Ele disse que a SES vem atuando também em outras frentes, a fim de reduzir o número de ostomizados, com protocolos de detecção precoce de câncer colorretal e outras patologias. “O importante é que o atendimento seja entendido como uma linha de cuidado, com várias frentes”, afirmou.
Durante a audiência, pacientes ostomizados apresentaram relatos de experiências e dificuldades enfrentadas, como a falta de cirurgias na rede pública para reversão de colostomia, além de depoimentos sobre a importância do trabalho da Ibrapper. O vereador Vinícius Aith afirmou que a população de ostomizados será cada vez mais visível para a sociedade e que assumiu um compromisso de fazer audiências para debater o tema. “Podem ter certeza que vocês estarão cada vez mais visíveis e ainda terão orgulho de tudo que a gente pode proporciona e vocês são a origem dessa luta. Continuaremos sendo um grande parceiro do Ibrapper nessa causa”, afirmou. Ao final, o parlamentar gravou, com os participantes, um vídeo de apelo sobre a situação para enviar o governo estadual.
A audiência pública pode ser conferida na integra durante a programação da TV Câmara (Canal 31.3, digital e aberto; Canal 4 da Claro; e Canal 9 da Vivo) ou pelas redes sociais da Câmara (YouTube e Facebook).