Departamento de fotografia pública imagens em preto e branco em reverência ao legado do artista; Presidente Luís Santos anuncia votos de pesar
Valter Campanato/Agência BrasilA Câmara Municipal de Sorocaba prestou, neste fim de semana, uma singela e respeitosa homenagem ao renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, falecido na última sexta-feira (23), aos 81 anos. A iniciativa partiu do Departamento de Fotografia do Legislativo, que decidiu publicar nas redes sociais imagens em preto e branco da cobertura do projeto Câmara Itinerante — referência direta à estética consagrada de Salgado, reconhecida mundialmente por seu olhar humano e poético sobre as realidades sociais e ambientais do planeta.
A proposta foi generosamente acolhida pelo presidente da Câmara, vereador Luis Santos (Republicanos), que manifestou seu apoio irrestrito à homenagem e destacou a importância da obra de Salgado para a cultura brasileira e mundial.
Sebastião Salgado na Revolução dos Cravos. - Porto, Portugal, 1975. Foto: Sebastião Salgado“Sebastião Salgado foi mais do que um fotógrafo: foi um cronista visual da alma humana, das dores e das belezas do nosso tempo. Sua obra transcende fronteiras e toca profundamente quem a contempla. Esta Casa Legislativa se solidariza com sua família e com todos aqueles que se emocionaram com sua arte. A homenagem do nosso departamento de fotografia é um simples, mas carregado de reconhecimento e gesto respeito”, declarou o presidente.
Além da manifestação nas redes sociais, o presidente Luis Santos também anunciou que apresentará, na próxima sessão ordinária, um voto de pesar profundo em nome de todos na Câmara Municipal de Sorocaba. O documento refletirá oficialmente sobre a relevância do trabalho de Salgado e expressará solidariedade à sua família, amigos e admiradores.
Sebastião Salgado, natural de Aimorés (MG), deixa um legado inestimável à arte fotográfica e ao compromisso com as causas humanitárias e ambientais. Seu trabalho, aclamado em todo o mundo, gerou gerações de fotógrafos, artistas e defensores dos direitos humanos.
Imagem da exposição “Amazônia”, de Sebastião SalgadoBiografia - Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu na vila de Conceição do Capim, distrito do município de Aimoré (MG), no Vale do Rio Doce, em 1944. Mas vivia em Paris (FR), desde o fim da década de 1960. Em 1969, a partir do sofrimento do regime militar, ele e a esposa, Lélia Wanick Salgado, decidiram deixar o Brasil e se exilar na França.
De acordo com o portal Brasil Memória das Artes da Fundação Nacional de Artes (Funarte), antes de ser o fotógrafo contemporâneo, obteve o mestrado em economia pela Universidade de São Paulo, em 1968, e se tornou doutor pela Universidade de Paris, em 1971.
Sebastião Salgado trabalhou como secretário da Organização Internacional do Café, em Londres, entre 1971 e 1973, antes de retornar a Paris e passar a fotografar profissionalmente para a agência Sygma, em 1974.
Transferiu-se no ano seguinte para a agência Gamma, iniciando a documentação sobre as condições de vida dos camponeses e índios latino-americanos. Esse trabalho o tornaria mundialmente conhecido. Em 1979, deixou a Gamma pela agência Magnum, que chegou a presidir e onde aconteceu até 1994. No mesmo ano, criou a Amazonas Imagens com sua esposa.
Fotografia de Serra Pelada feita por Sebastião Salgado.Prêmios - Entre os prêmios internacionais, Sebastião Salgado foi contemplado com o prêmio Eugene Smith (EUA), em 1982. Também conquistou World Press (Holanda, 1985), o prêmio Oscar Barnack (Alemanha, 1985 e 1992), o prêmio Erna e Victor Hasselblad (Suécia, 1989), e o prêmio de Fotojornalismo do International Center of Photography (EUA, 1990).
Recebeu ainda diversas outras honrarias, sendo representante especial da Unicef e membro honorário da Academia das Artes e Ciências dos Estados Unidos.
É autor dos livros Sahel: L'Homme en détresse (1986); Outros Americanos (1986); Uma graça incerta (1990); Sebastião Salgado: As Melhores Fotos (1992); Em Esforço Humano (1993); Trabalhadores (1993); La main de l'Homme (1993); Terra (1997); Serra Pelada (1999); Outras Américas (1999); Êxodos (2000); O Fim do Pólio (2003); O Berço da Desigualdade (2005) e África (2007).
O filme O Sal da Terra acompanha o célebre fotógrafo e registra algumas de suas viagens. Em agosto de 2023, a mostra Trabalhadores expôs 150 fotografias de Sebastião Salgado.
Em abril de 2023, 15 quadros produzidos pelo fotógrafo brasileiro, avaliados em quase R$ 1 milhão, foram reincorporados ao patrimônio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).