Dispõe sobre denominação de “ANTONIO MARCÍLIO” a uma via pública de nossa cidade e dá outras providências.

Promulgação: 28/03/2012
Tipo: Lei Ordinária
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JUSTIFICATIVA:

 

Nascido em 15 de novembro de 1921 (apesar de registrado apenas no dia 01/01/1922), filho de imigrantes italianos, Antonio Marcílio foi o sétimo de nove filhos de José Marcilio e Ângela Rondelli. De família bastante humilde, desde muito cedo ajudou seus pais na roça, onde cultivou e conservou o seu amor pelas árvores e pela natureza.

 

Natural de Arceburgo, sul de Minas Gerais, participou de muitos momentos históricos na vida de nosso país. Aos dez anos levava comida e agasalhos aos combatentes da revolução de 1932. Perto dos 50 anos, viveu os conflitos da ditadura militar. Vibrou e se emocionou com o movimento das “Diretas Já!”. Politizado, contava muitas das passagens de nosso país, com detalhes que apenas os que vivenciaram tais fatos poderiam fazer. Suas filhas e netos aprimoravam-se e deliciavam-se com suas histórias reais. Era nacionalista nato.

 

Ainda muito jovem (13 anos), mudou-se junto à família para Sorocaba, instalando-se na Vila Hortência, onde começou a trabalhar em uma marcenaria. Para poder assistir aos filmes do cinema (um privilégio para poucos na época), à noite era voluntário como lanterninha ao mesmo tempo em que trabalhava numa marcenaria durante o dia.  Pouco tempo depois, como marceneiro, fazia parte do quadro de funcionários da FEPASA (antiga Estrada de Ferro Sorocabana), onde permaneceu até a sua aposentadoria. Trabalhou em alguns lugares após isso, mas o carinho e ligação que nutria pelas locomotivas eram explícitos.

 

Não freqüentou escolas. Aprendeu o segredo das letras e dos números com uma de suas irmãs mais velhas. Autodidata, entretanto, leu inúmeros livros relacionados às ciências, às artes e à política, o que possibilitou conhecimentos amplos e diversificados. Com indiscutível inteligência privilegiada, dominava o corpo humano como poucos e, aliado ao seu “conhecimento caipira”, não raras vezes auxiliou amigos e familiares em suas enfermidades.

 

Inventor criativo construiu diversos instrumentos que favoreceram sua vida profissional, pessoal e familiar. Costumava dizer que via a vida “além de seus olhos”. De espírito esportista, quando jovem praticava natação no lago do atual Parque Quinzinho de Barros, futebol com os amigos quando adulto, sem, entretanto, ter abandonado as atividades físicas até os últimos anos de sua vida. Participou, em Sorocaba, da equipe de futebol “Avai”  motivo de muitas aventuras e recordações.

 

Casou-se em 1952 com a sorocabana Antonieta Zozolotto Marcílio, com quem teve duas filhas: Selma Aparecida Marcílio e Nanci Marcílio. Seus valores éticos e princípios de conduta, sempre compartilhados com sua família, foram rigorosos, dignos, fundamentais em sua existência.

 

Faleceu em 13 de fevereiro de 2011, aos 89 anos sem ter realizado seu grande desejo atual que era assistir novamente, porém desta vez num estádio, uma copa do mundo de futebol no Brasil.

 

Sua passagem por quase 80 anos na cidade de Sorocaba não foi assintomática. Deixou marcas de seu temperamento forte, dignidade, exemplo de conduta e saudades dos familiares, amigos e de quem com ele conviveu.

 

Por todo exposto se faz justa e merecida tal homenagem.

 

S/S.,  08 de fevereiro de 2012.

 

PAULO F. MENDES

Vereador.