Dispõe sobre denominação de “PEDRO BAPTISTA GODINHO” a uma via pública de nossa cidade e dá outras providências.
JUSTIFICATIVA:
“Já plantei um árvore, já formei uma família, só falta escrever um livro, mas esse livro é a minha própria memória” (Godinho,Baptista;Pedro 1990)”
Pedro Baptista Godinho, nasceu na cidade de Sorocaba em 10/06/1927, filho de Odorico Godinho da Silvae Olímpia Maria da Conceição, era um homem simples, mas grande em sabedoria que a própria vida lhe ensinara já desde sua infância. Nasceu na cidade de Sorocaba aos 10 de junho de 1924 na época das festas juninas, sempre falava que seu nome era Pedro por que sua mãe Olímpia Maria da Conceição era devota de São Pedro e seu pai Odorico Godinho de São João por isso o Baptista. Era uma família originária da cidade de São Roque do Bairro de Canguera, família tradicional na fabricação de vinho. Mas por motivos dos filhos poderem trabalhar mudaram – se para a cidade de Sorocaba deixando para trás a cidade natal onde ainda possuem parentes como o atual Prefeito de São Roque Efeneu Godinho.Todos os filhos de Dona Olimpia e Odorico Godinho nasceram nessa terra de tropeiros na rua Cervantes no bairro de Vila Assis nome esse originário devido a Paróquia de São Francisco de Assis onde Dona Olímpia Maria da Conceição minha avó paterna fazia parte da irmandade do coração de Maria. Meu amado pai me contava que seu pai Odorico além de ser carroceiro, vendia lenha no centro da cidade de Sorocaba, pois naquela época só havia fogão à lenha e tinha uma clientela fiel. Todos reconheciam sua voz quando gritava: Olha a lenha!!!!!!! Olha o lenhador e as crianças corriam atrás da carroça e avisavam assim que o vendedor de lenhas estava passando. Em alguns diálogos que tivemos contava também que seu pai Odorico fazia também o trabalho de ir até o sul buscar mulas para vender debaixo da Grande Ávore existente na Avenida São Paulo onde haveria um comércio de muares, acredito que meu avô conforme meu pai contava fazia parte da tropa de tropeiros que faziam o caminho para o sul e depois voltavam para a feira de muares. Desde a infância passou dificuldades, seus irmãos mais velhos entraram na indústria Votorantim para ajudar a mãe que ficara viúva e ele muito pequeno contava que ficava cozinhando no fogão à lenha para mandar almoço através do bondinho que passava na estação ali mesmo na Vila Assis. Querendo ajudar a família tomou uma decisão, contava: ”Vou falar com o gerente da Votorantim e irei conseguir um serviço”, mesmo sem a sua mãe saber saiu de Sorocaba e dirigiu – se ao antigo distrito de Sorocaba/ Votorantim que até hoje leva o nome da cidade que quer dizer Butorantim, cascata branca. Chegando na portaria da fábrica falou com o guarda que gostaria de falar com o gerente da empresa e o porteiro olhando pra ele com um olhar de pena disse:
“Coitadinho, tão pequeno e pensando em trabalhar, você não pode entrar!”, diante da negativa, meu pai passou por debaixo das pernas do porteiro que o pegou pela camisa rasgando–a e ficando com um pedaço nas mãos, começou correr em direção ao grande relógio onde ficava a administração da fábrica. Chegou lá cansado e chorando quando se encontrou com quem ele mais queria o gerente da Indústria Votorantim que perguntou:
“Filho, por que você está chorando?”
Ele respondeu:
- É que preciso trabalhar, explicando a situação da família.
O gerente olhando para ele indagou o por que você está rasgado? ele explicou:
-Filho, não chore mais, você está empregado!
Até então desde aquele dia dos treze anos até aos sessenta anos ele permaneceu trabalhando nessa mesma indústria, forma cerca de cinqüenta e cinco anos dedicados as Indústrias Votorantim, conheceu minha mãe Sra. Lourdes Caetano que passou a usar o mesmo sobrenome após o matrimônio, construíram uma casa em Sorocaba no bairro de Parada do Alto a Rua Buenos Ayres nº 350, forma os primeiros moradores daquele bairro, minha mãe Lourdes sempre dizia que meu pai falava:
Lourdes nosso lote fica em frente de um poste de luz, você poderá vir da fábrica sossegada, sem medo porque não vai estar escuro. Me lembro, em tempos de chuva fortes não tinha um guarda – chuva para se proteger mas homem forte que era colocava sobre as costas uma grande plástico, preparava a garrafinha verde de café e o lanche e saía ao encontro do bonde das quatro horas da manhã, na parada do trem ali mesmo no bairro. Eu ainda muito pequena trago na memória seus passos firmes e largos e o barulho do fechar dos portões e só pedia a Deus que o guardasse e desse força para meu amado e querido pai vencer mais um dia e trazer o pão de cada dia. Tinha como hobby na juventude a natação e a dança, depois que foi para a iIreja Batista, deixou de lado essa prática, passando a viver uma vida inteiramente dedicada a fé. Era um homem que tinha a caridade e o amor, por muito tempo contribuiu para as Casas André Luis, era descontado em folha de pagamento sua contribuição.
Teve quatro filhos: Ademir, Laudicéia, Eliseu e Madalena.
Mais tarde realizou um de seus sonhos, ter uma filha professora, lutou para isso e me viu professora, achava que a fábrica seria muito difícil para mim e sempre foi o pai presente em todos os momentos, me lembro que na minha formatura foi comprar o vestido comigo, e ajudou – me a escolher o mais lindo da loja. Tinha muitos amigos e irmãos na fé, posso citar aqui um nome que não me saiu da memória por muito tempo que ele sempre falava e que tive o prazer em conhecê–lo, Engenheiro Martinez, o amigo da prefeitura que o auxiliava nas horas de avaliar uma planta principalmente aquela que estava construíndo. Martinez esse era o nome que ficou gravado para mim e que me fez lembrar quando passei pelo seu gabinete. Quando via meu papai sair com papéis de casa perguntava:
-Onde o senhor vai?
-Falar com o Engenheiro Martinez!!!
Eu até pensava que o engenheiro Martinez na minha cabecinha de criança era algum irmão da igreja que tocava trombete na banda....era o engenheiro da prefeitura que vim conhecer a alguns dias atrás. Parecebia que meu pai tinha uma grande consideração por esse homem que eu só ouvia falar. Meu papai foi um grande homem, daqueles que amigos se guardam do lado esquerdo do peito, corajoso porque dizia que mesmo diante de uma guerra um soldado não pode parar, ele tem que correr e se defender nas barricadas da vida.
Para finalizar ele sempre dizia:
Não se turbe o vosso coração, crede em Deus e crede também em mim, fui preparar um lugar, a casa do meu pai, homem de fé inquestionável. Pai receba essa homenagem de sua filha e espero nos encontrarmos em breve para sempre com Jesus.
Deixou saudades em 28 de agosto de 1997.