Dispõe sobre denominação de “DOUTOR JOSÉ MUSSI” a um próprio municipal e dá outras providências.

Promulgação: 28/02/2012
Tipo: Lei Ordinária
Versão de Impressão

JUSTIFICATIVA

 
UM GRANDE CORAÇÃO (Biografia de José Mussi)

 

José Mussi, filho de Elias Mussi e Luzia Absamra Mussi, imigrantes libaneses, nasceu aos 30 de setembro de 1926, na cidade de Fernando Prestes (SP) onde fez o curso primário.

 

Dificuldades, em conseqüência à crise econômica de 1929, rondaram os Mussi, levando-os a voltar à terra de origem. O eclodir da Segunda Grande Guerra, fez a família regressar ao Brasil. Esse ir-e-vir deu ao menino, nove anos de idade, fluência em árabe e vivência com duas culturas.

 

De volta ao interior de São Paulo, foi matriculado em colégio interno, na cidade de Barretos. Para Sorocaba, veio aos 15 anos, tendo aqui completado o ginasial e o cientifico no Ginásio do Estado (hoje, I.E.E. Dr. Julio Prestes de Albuquerque).

 

Muito cedo demonstrou espírito de liderança. Alcir Guedes o descreve como "aluno estimado e bom colega (...) mania de fazer tudo correndo, falar depressa, andar ligeiro (...) pressa de realizar e realizar-se (...) desde jovem, (havia) traçado a sua meta e corria para atingi-la. Quem conheceu José Mussi sabe quão verídica a descrição participava de tudo e liderava os colegas.

Hábil orador, conseguia impactar a platéia; declamador fervoroso, era capaz de levar às lágrimas quem o ouvisse; guerreiro de justas causas, lutou pela ampliação do prédio do ginásio estadual; capaz de gestos nobres levantou recursos para homenagear seu professor de Português (Padre Armando Guerazzi), acometido de doença terminal. Por sua iniciativa, o padre recebeu batina de seda e respectivo chapéu sacerdotal, com os quais foi sepultado. Universitário, teve importante papel instando, com Ermírio de Moraes para o término do prédio da Faculdade de Medicina, e, com Jânio e Carvalho Pinto para a construção do Hospital Regional de Sorocaba.

 

Em 1951, Mussi ingressou na Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro. Diante da recusa da direção daquela escola médica em permitir a criação de um Centro Acadêmico, liderou justa greve. Acusado "comunista" - rótulo demonizador, à época coisa que ele nunca foi, acabou tendo que se transferir para a Escola Paulista de Medicina. Na Paulista, ao lado dos estudos, participou de atividades acadêmicas e do espetáculo anual que os alunos organizavam. Trouxe o Show da Paulista para Sorocaba, no antigo Cine Teatro São José; no palco, apresentou-se declamando o poema "Bandeira das Treze Listas" de Guilherme de Almeida.

 

Em 1953, transfere-se para Sorocaba e integra a primeira turma da Faculdade de Medicina. No ano seguinte foi eleito Presidente do Centro Acadêmico Vital Brasil. Sob sua direção, o Centro Acadêmico passou a ter sede à Rua Capitão José Dias, em casa alugada a Dino Pannunzio; anexo à sede, criou Posto de Profilaxia de Doenças Venéreas (nome que se dava às DST Doenças Sexualmente Transmissíveis) marco inicial da carreira de Diltor Wladimir Oppromola, hansenólogo mundialmente reconhecido. Na sede, sob orientação e batuta do estudante húngaro Bella Dajos Lajos Almay, fundou a Orquestra "Possante" que animava os bailes do CAVB. Também sob sua gestão organizou-se a primeira pernada dos calouros, em Sorocaba (1954).

 

Comerciante nato, Mussi intermediou vendas de terrenos a professores que desejavam investir na cidade. Percebendo a carência de alimentação barata e adequada aos estudantes, instalou restaurante numa casa alugada, sita à Rua Cláudio Manoel da Costa. Segundo suas próprias palavras, ali começou a ficar rico.

 

Formado, em 1956, com a primeira turma da primeira escola médica do interior do Brasil, José Mussi dedicou-se à Urologia. Como servidor público, atendeu os funcionários da Fazenda Ipanema (Iperó). Sentindo que Sorocaba tinha carências nos atendimentos de urgência e emergência, montou e fez funcionar Pronto Socorro nos Altos da Rua Aparecida, abrindo-o à participação de todos os colegas.

 

O empreendedorismo de José Mussi iria afastá-lo do exercício direto da Medicina. Começou pela construção da Vila Helly, na Rua Baltazar Fernandes (Além Linha). Na feliz definição do jornalista José Antônio Rosa, "ajudou a mudar a paisagem urbana de Sorocaba". Construiu edifícios de grande porte como os conjuntos Elias Mussi, Maria Lúcia Mussi e Floresta Negra (Rua Sete de Setembro), Edmundo Mussi (Rua Ubaldino do Amaral), Sorocaba (Rua São Bento), Maria Salete (Rua Aparecida), Mário Sérgio (Jardim Vergueiro). No Largo do Rosário implantou o que deveria ser o primeiro shopping-center sorocabano, mas acabou sendo prédio comercial e cinema (Cine Pedutti). Além de 9 prédios menores, no Jardim Simus, o construtor Mussi edificou também em Mongaguá e Votorantim.

 

Se, por um lado, o construtor afastou-se do exercício direto da medicina, o empreendedor continuou ligado à profissão. Em consonância com o propósito descentralizador da assistência psiquiátrica no Estado de São Paulo, construiu 5 Hospitais Psiquiátricos.

 

Ainda estudante de medicina, em 1956, casou-se com a professora Helly Grilo. Mussi e Helly constituíram família numerosa: Maria Salete (administradora de empresa), Maria Lúcia (enfermeira de alto padrão), Mario Sérgio (empresário na construção civil), José Mussi Jr. (médico), Maria Hely (professora de inglês) e Maria Bettina (médica veterinária).

 

Sua visão e capacidade de trabalho chamaram a atenção dos políticos. Em 1968, levaram-no a candidatar-se a prefeito. Derrotado, surpreendeu a todos comparecendo à posse do adversário (José Crespo Gonzáles) e, num discurso afetuoso, confessou haver rezado para que Deus fizesse vencer o candidato mais propicio à Sorocaba, Como se pode concluir, não foi somente grande empresário. Foi também um grande coração.

 

O grande coração parou de bater em l° de janeiro de 2009.

 

Cumprindo especificar ainda sobre o referido projeto que ora denominamos, o mesmo terá ligação com o Decreto de Desapropriação Nº 18.900, de 11 de março de 2011.

 

S.S, 26 de abril de 2011

 

JOSÉ FRANCISCO MARTINEZ

Vereador.